Usos de si e testemunhos de trabalhadores docentes readaptados
Ano de defesa: | 2019 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Tese |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal de Goiás
Faculdade de Educação - FE (RG) Brasil UFG Programa de Pós-graduação em Educação (FE) |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | http://repositorio.bc.ufg.br/tede/handle/tede/10012 |
Resumo: | O objetivo desta pesquisa é compreender como se apresentam a experiência de vida e de trabalho do professor readaptado, a partir de seus testemunhos. A metodologia utilizada foi a qualitativa, com emprego da entrevista individual semiestruturada. As entrevistas foram transcritas e organizadas segundo a codificação e categorização temáticas de Graham Gibbs. A perspectiva ergológica concebida por Yves Schwartz foi o aporte na interpretação dos testemunhos de vida e de trabalho nos usos do corpo-si. A clínica da atividade fundamentada em Yves Clot possibilitou compreender as situações de amputação do poder de agir. O conhecimento da vida a partir de Georges Canguilhem permitiu associar a saúde à capacidade normativa do vivente humano. Philippe Davezies tornou possível o entendimento da relação entre o envolvimento das dimensões afetivas no trabalho e o adoecimento dos professores e Christophe Dejours forneceu o embasamento relacional entre a organização do trabalho e o sofrimento psíquico. Um professor e cinco professoras participaram da pesquisa que abrangeu a população de professores readaptados de Iporá, Estado de Goiás. A análise dos testemunhos revelou como a vida e o trabalho dos professores se interseccionam e como o corpo-si afetou-se nas dramáticas vivenciadas no trabalho. Ao se tornarem readaptados, os professores assumem as funções de dinamizador de biblioteca e assessor pedagógico, contudo, nas escolas eles desenvolvem variadas atividades. Afastado da sala de aula, o professor readaptado busca novos sentidos nas tarefas que lhe são imputadas. Mesmo assim, sobressai nos testemunhos, que o sentido do trabalho, para o professor readaptado, encontra-se na atividade de sala de aula. Foi unânime nos testemunhos a existência do estigma perante o coletivo profissional do professor readaptado. Para estes, os novos objetos do trabalho substituíram o objeto/sujeito/aluno. Esses novos objetos passaram à qualidade de objetos emocionalmente competentes. A pesquisa revelou também que a Gestar-SEDUC não dispõe de equipe suficiente para a demanda estadual que, conforme os dados da GESPRE do ano de 2017, de um total de 10.100 professores efetivos, contava 100 professores readaptados temporariamente ou definitivamente, sendo que 54% tinha idade ente 41 e 50 anos. Em 2018, o número de readaptações aumentou para 167 professores, mas manteve-se na mesma faixa etária o maior índice de readaptações, calculado em aproximadamente 50%. A pesquisa confirmou 80% dos acometimentos patológicos no sexo feminino e que ainda inexistem esclarecimentos dos órgãos competentes sobre como lidar com o professor readaptado na escola. O índice de adoecimento da categoria se revela crescente. Além dos docentes que se encontram afastados legalmente do exercício profissional, igual quantidade de professores adoecidos está fora da sala de aula de maneira oficiosa. A pesquisa também detectou que o Sindicato dos Trabalhadores do Estado de Goiás não tem exigido o cuidado da saúde dos professores. Em razão de tudo isso, as políticas públicas carecem de ações efetivas que consigam criar possibilidades de recuperação da saúde do professor readaptado e condições ambientais e organizacionais adequadas de trabalho. |