Autor, linguagem e personagem maduros? O funcionamento do efeito metafórico no discurso da crítica literária

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2014
Autor(a) principal: Ongaratto, Aline Chaiane Vogt
Orientador(a): Prigol, Valdir
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal da Fronteira Sul
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Estudos Linguísticos
Departamento: Campus Chapecó
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://rd.uffs.edu.br/handle/prefix/777
Resumo: No presente trabalho, tomamos o adjetivo “maduro” como uma regularidade, marcada no intradiscurso das críticas em que Luís Augusto Fischer trata sobre uma obra ou autor, em sua coluna “Pesqueiro”, do jornal Zero Hora. Tendo como objetivo central a compreensão do funcionamento discursivo do “maduro”, identificamos o funcionamento do efeito metafórico no texto em que o crítico aborda a obra Barba Ensopada de Sangue, de Daniel Galera. A perspectiva teórico-metodológica que adotamos está vinculada à Análise de Discurso fundada nos trabalhos de Michel Pêcheux e Eni Orlandi. Selecionamos 42 textos que circularam na coluna “Pesqueiro” assinada pelo sujeito-crítico literário Luís Augusto Fischer, entre os anos de 2010 e 2013, e compreendemos que o adjetivo “maduro” constituía uma regularidade no discurso do sujeito-crítico literário ao tratar de obras de escritores já reconhecidos e, especialmente, acima dos 40 anos de idade. Entretanto, a classificação de uma obra atrelada à idade do escritor sofre um deslizamento de sentidos, pelo efeito metafórico, no momento em que o sujeito-crítico literário trata sobre o livro de Daniel Galera, que tem pouco mais de 30 anos. Ao assumir a metáfora sustentada pelo interdiscurso, passamos a questionar: (i) como o “maduro” produz efeitos metafóricos da ordem do interdiscurso? (ii) como se dão os deslizes e transferências de sentido dessa marca em seus diferentes contextos de funcionamento? Concluímos que o adjetivo “maduro” funciona na crítica “Barba ensopada de sangue” como ilusão de completude dos sujeitos e dos sentidos. Como diferentes contextos de funcionamento da referida metáfora, tomamos “o autor maduro”, “o personagem maduro” e “a linguagem madura”. Pelo modo como o crítico literário organiza suas ideias no texto, ao abordar um “autor maduro”, compreendemos que sua escrita pode ser associada ao modelo de literatura biográfico-psicológico, desenvolvido no século XIX. No momento em que o crítico aborda o “personagem em processo de amadurecimento”, explicitamos um sentido de relação com os romances de formação. Por fim, ao discutir sobre a “linguagem madura”, Fischer assume a posição de autor do Dicionário de Porto-Alegrês e enuncia na direção de estabelecer a Língua Sulina, contexto em que funciona a ilusão de completude pela língua.