A conspiração como estratégia bolsonarista: a "ideologia de gênero" no Telegram

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2025
Autor(a) principal: Popolin, Guilherme
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://app.uff.br/riuff/handle/1/36209
Resumo: Esta tese investiga como as questões de gênero, a sexualidade, o neoconservadorismo e as teorias conspiratórias são instrumentalizados pelo bolsonarismo, no Brasil. A reflexão teórica que sustenta esta pesquisa se ancora em trabalhos — de diversos campos do conhecimentos — acerca do avanço da extrema-direita, no Brasil e na América Latina, na contemporaneidade. Entende-se que a ascensão do bolsonarismo e o apoio de grupos religiosos conservadores promovem a suposta "ideologia de gênero" como estratégica retórica para deslegitimar pessoas com sexualidades e identidades de gênero dissidentes. Nesse sentido, as teorias da conspiração, sobretudo em plataformas sociais, são engendradas para reforçar o medo, o pânico e o preconceito contra a comunidade LGBTQIA+. No Brasil, o WhatsApp e o Telegram são instrumentalizados para segmentar e radicalizar grupos alinhados com a extrema-direita. Desse modo, essas plataformas oferecem ambientes para coordenar ações e promover uma retórica anti-LGBTQIA+ e antigênero. A seção de análise lança luz sobre N=806 imagens — em uma amostra de N=261 — que acionam a “ideologia de gênero”, coletadas em 109 grupos e canais bolsonaristas no Telegram, entre 2020 e 2022. Os resultados da análise temática indicam a presença de elementos conspiratórios mobilizados em defesa de valores conservadores. A pesquisa destaca o papel das plataformas sociais no engendramento da “ideologia de gênero” para reforçar uma visão dicotômica do mundo, na qual o bolsonarismo posiciona a extrema-direita como protetora da sociedade frente a uma suposta degradação e ameaça moral. Aponta-se uma rede de temas interligados que sustentam um discurso de ameaça cultural e ideológica, voltado especialmente para a moralidade, a família e os valores tradicionais. As imagens analisadas, portanto, desempenham papel significativo na reafirmação de crenças pré-existentes, fenômeno especialmente evidente em espaços digitais onde há uma forte homogeneidade ideológica e um alinhamento político predominante com a direita, em especial com a figura de Jair Bolsonaro.