Fatores de vulnerabilidade e proteção associados ao transtorno de estresse pós-traumático (TEPT) e depressão em profissionais de saúde durante a pandemia de COVID-19

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Gama, Camila Monteiro Fabrício
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://app.uff.br/riuff/handle/1/28586
Resumo: A pandemia de COVID-19 impõe muitos desafios ao mundo e um deles foi no campo da saúde mental. Em vários países, profissionais de saúde enfrentaram uma ameaça desconhecida, assim como muitas dificuldades pessoais e profissionais associadas a ela. Desde então, a literatura científica tem evidenciado que esses profissionais são particularmente vulneráveis a problemas de saúde mental devido ao grande nível de exposição a situações relacionadas à pandemia. Nesse sentido, fez-se necessário compreender como a saúde mental desses profissionais estava sendo afetada nesse contexto. Para isso, desenvolvemos o Projeto PSIcovidA, que teve como intuito investigar transversal e longitudinalmente a saúde mental de profissionais de saúde atuando em hospitais e unidades de pronto atendimento no Brasil. O objetivo principal desta tese foi investigar, em um corte transversal, fatores de vulnerabilidade e proteção para o Transtorno de Estresse Pós-traumático (TEPT) e depressão dentro do contexto da pandemia. Destacamos que os sintomas do TEPT foram acessados levando em consideração eventos traumáticos relacionados à pandemia. Investigamos, em dois estudos, como variáveis de vulnerabilidade a imobilidade tônica (IT) e o nível de estresse pelo isolamento social percebido, e como variáveis de proteção a valorização profissional percebida e a aceitação altruística do risco. Especificamente, no primeiro estudo, investigamos a associação da resposta de IT com a gravidade de sintomas e provável diagnóstico do TEPT. Observamos que a resposta de IT apresentou uma associação significativa com maior nível de sintomas de TEPT, na qual cada incremento de uma unidade na escala de IT representava um aumento de 4,3% na pontuação de sintomas de TEPT. Semelhantemente, a resposta de IT também esteve associada significativamente com um provável diagnóstico de TEPT, de tal forma que ter altos níveis de imobilidade tônica representou um risco de 9,08 vezes mais chance de apresentar um possível diagnóstico para o transtorno. O segundo estudo publicado investigou a predição do nível de sintomas de depressão e TEPT através de uma metodologia de aprendizagem de máquina (machine learning, subárea da inteligência artificial). Implementamos dois modelos de reconhecimento de padrão de regressão, com base em perguntas (variáveis preditoras) que avaliaram o nível de estresse percebido ao estar isolado, reconhecimento profissional percebido antes e após o início da pandemia, e aceitação altruística dos riscos do trabalho. Os resultados mostraram que as questões com maior peso para a predição de sintomas de TEPT foram o nível de estresse pelo isolamento social e o reconhecimento profissional antes da pandemia. De maneira semelhante, o nível de estresse pelo isolamento e reconhecimento profissional antes e depois do início da pandemia apresentaram os maiores pesos de contribuição para predição de sintomas de depressão. A variável de aceitação altruística do risco apresentou a menor contribuição para ambos os modelos. Esses resultados corroboram estudos anteriores, além de contribuírem para a literatura científica, ampliando os conhecimentos sobre os fatores de vulnerabilidade e proteção que podem estar associados com a saúde mental de profissionais de saúde. Além disso, incentivam o olhar mais atento para essas variáveis, possibilitando o desenvolvimento de estratégias com foco na mitigação e gerenciamento dos fatores de vulnerabilidade, assim como no fortalecimento dos fatores de proteção através da ampliação de políticas organizacionais públicas e privadas durante contextos extraordinários como o da pandemia de COVID-19.