Impacto ambiental, trabalho e saúde de pescadores da Baía de Guanabara – RJ, Brasil: a educação pelos pares como estratégia de prevenção

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2013
Autor(a) principal: Ribeiro, Crystiane Ribas Batista
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Niterói
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://app.uff.br/riuff/handle/1/1021
Resumo: Trata-se de uma pesquisa participante com abordagem qualitativa sobre o agir educativo-participativo da enfermeira com pescadores artesanais da Baía de Guanabara – RJ, Brasil. No entorno do rio Maribondo localizado em São Gonçalo-RJ-Brasil, existe uma colônia de pescadores na Comunidade Cassinú. Em estudos prévios no referido rio, no que tange aspectos microbiológicos e físico-químicos, foram detectados valores de elevado grau de contaminação fecal. Por desembocar na Baía de Guanabara-RJ, o rio acaba contribuindo para a poluição da mesma. Os pescadores estão sujeitos a riscos de acidentes e doenças, devido ao grande esforço físico a que são submetidos, variações climáticas e contato com agentes patológicos num ambiente sem saneamento. Acidentes por estruturas do próprio peixe podem tornar-se uma porta de entrada para micro-organismos presentes na água contaminada retardando a cicatrização da ferida. Pensando na tecnologia educacional denominada educação pelos pares e suas interfaces com a educação popular Freiriana, a partir da dialogicidade e assunção dos sujeitos, entende-se a importância da aplicação da mesma com este grupo de trabalhadores. A pesquisa traz como objetivos caracterizar as condições de trabalho e saúde de destes pescadores e discutir uma proposta participativa de cuidado em saúde a partir da Educação pelos Pares com foco nas feridas cutâneas. Como técnica de coleta de dados foi utilizada a entrevista semiestruturada, observação participante e atividade grupal. Dos 35 pescadores participantes 88,6% são do Rio de Janeiro, têm uma média 2,3 filhos, 3,4 dependentes, 34,3% possuem ensino fundamental 1 completo, renda mensal prevalente, 42,9%, entre 1 e 2 salários mínimos. A carga horária média de trabalho diário é de 11,8, principal ponto de venda são atravessadores (88,6%), entram em contato com a água durante toda a pesca (85,7%). Dos 71,4% que utilizam EPI, utilizam parcialmente. As principais queixas/doenças apontadas pelos pescadores foram dor na coluna (11,4%), dor no joelho (5,7%) e hipertensão (5,7%), além de problemas digestivos, câncer de pele entre outros. Os ferimentos já ocorreram em 91,4% dos entrevistados em algum momento da pesca. As mãos e as pernas são as regiões do corpo mais atingidas, com aplicação de substâncias como pó de café, água do mar e secreção do olho do Bagre no local. Os resultados encontrados e os relatos dos pescadores revelam suas precárias condições de saúde e trabalho, falta de proteção social, risco de ferimentos, prejuízo das funções emocionais e físicas. A pesquisa participante revelou a riqueza e a potencialidade da atividade pesqueira, dando visibilidade aos pescadores artesanais, que apesar dos desafios que enfrentam destacam a satisfação e o prazer na profissão, que persiste há anos e lhes proporciona liberdade de expressão e momentos de descontração. Além disso, a reflexão das falas dos participantes, da observação participante e da construção de saberes na atividade grupal à luz de Freire, por intermédio do agir educativo-participativo, permitiu uma melhor percepção e compreensão da importância da educação em articulação com o ambiente, a saúde e o trabalho