"O coração sente o que os olhos não veem": simetrização, agências cósmicas e multiplicidades no candomblé do Ilê Asé Azun Dan

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Meira, Thomás Antônio Burneiko
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://app.uff.br/riuff/handle/1/25480
http://dx.doi.org/10.22409/PPGA.2020.d.31513055801
Resumo: Na presente tese, contemplo o Ilê Asé Azun Dan, um terreiro de candomblé localizado, hoje, na cidade de Ribeirão Pires, região sudeste da metrópole paulistana, e onde fui iniciado no culto das deidades "afro-brasileiras". Inspirado em certa experiência pessoal, vivida durante uma consulta oracular, na qual o espírito do fundador dali -- falecido em 1994 -- me convocou para estudar e escrever sobre a história da comunidade, meu intuito, aqui, remeteu à confecção de um texto etnográfico sob proposição dita "simetrizante". Encarei o termo como a necessária cautela tomada pelos antropólogos na suspensão dos pressupostos e explicações científicas -- criados na realidade acadêmica --, para se limitarem às descrições do mundo que pretendem honrar, e segundo os seus próprios fundamentos. Da adoção dessa postura espera-se despontar criações conceituais legítimas não apenas nos seus coletivos de origem, mas igualmente passíveis de confronto e desestabilização do arcabouço antropológico, prioritário no desequilíbrio dos poderes implicados na produção das ciências. No âmbito local, incidi a manobra sobre os seres incorpóreos, deslocados, pois, das “crenças” – derivadas, sempre, de alguma outra base mais “real” –, assumidos, então, na sua autonomia e no protagonismo cabidos; ao fazê-lo, as relações, deles, com as pessoas-humanas – na história, nos atuais processos religiosos e no incerto futuro decorrido de trâmites sucessórios – incorrem nas concepções formadas de lógicas permeadas das “multiplicidades”. Essas, fundamentais sobre como querem ser entendidos, e potentes no rever dos divisores clássicos, rígidos, do pensamento antropológico – tais quais “natureza” e “cultura”; “verdade” e “representação”; “indivíduo” e “sociedade” etc. –, insinuados, no texto, em virtualidade.