Campesinato amazônico e sobreposição de tutelas governamentais. Agricultores como “cobras-cegas” diante da criação da RESEX Riozinho do Anfrísio (Estado do Pará)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Halmenschlager, Fábio Leandro
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://app.uff.br/riuff/handle/1/25240
Resumo: Advindos de diversas partes do Brasil e portadores de diferenciadas trajetórias, camponeses constroem um dinâmico conhecimento prático quanto a apropriação de terras em contextos amazônicos. Através de estudo de caso, em área de sobreposição fundiária de Projeto de Assentamento por Reserva Extrativista, no município de Rurópolis, evidencio a complexidade dessas construções e dos problemas decorrentes dos múltiplos direcionamentos governamentais. A análise antropológica de dados empiricamente coletados junto aos auto-identificados posseiros e assentados, principalmente durante o chamado inverno de 2016, permitiu a reflexão sobre os agentes e instituições envolvidos na emergência desse território concebido segundo universos de significados e categorizações diferenciados. O caos da sobreposição de modalidades fundiárias finda por delinear uma realidade local através de um quadro movediço de ordens sociais. Vários planos de organização social se entrecruzam, contraditoriamente ou complementarmente, com ajustes forjados ante as intensas forças antagônicas que as famílias camponesas enfrentam. Esse caos é reconhecido também, pelos próprios agentes que assim qualificam sua situação, como fator a possibilitar investimentos objetivos e antecedentes aos dos órgãos do Estado. As narrativas desses agentes, orientados por interesses tão controversos, mostram que a instalação dos agricultores familiares nessa terra subordinada a tutelas governamentais sobrepostas e, por vezes, contraditórias, lhes impõem a condição que pode ser metaforizada como a de cobras-cegas. Com diretrizes governamentais confusas, e o próprio estatuto camponês fragilizado, esses agentes se moveriam às cegas, tateando frente às novas condições impostas, mas ainda assim, destaco então, presentes no jogo e abrindo caminhos.