Sobre quilombos e territórios: um estudo na comunidade Mandira

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Silveira, Yume Kikuda [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/152735
Resumo: O presente trabalho teve como objetivo realizar um estudo sobre a comunidade quilombola Mandira, que se localiza no Vale do Ribeira, na zona rural do município de Cananéia, litoral sul de São Paulo. Com o intuito de conhecer, compreender e interpretar as transformações e mudanças que estão em processo na comunidade, decorrentes do reconhecimento oficial da Terra de Quilombo e da criação da Reserva Extrativista, ambas no ano de 2002, a partir das experiências e percepções dos moradores de Mandira. Essa pesquisa visa colaborar com o debate sobre populações quilombolas e a sua relação com o território. Além de contextualizar a formação e a transformação dos quilombos brasileiros, e contribuir para a valorização da identidade cultural quilombola dessa importante comunidade. Para a realização desta pesquisa foram necessários levantamentos bibliográficos para aprofundamento na temática, levantamento de dados secundários no IBGE, ISA, ITESP entre outros. A realização dos trabalhos de campo foi fundamental para a efetivação da pesquisa, o primeiro trabalho de campo realizado em 2014, foi possível conhecer a comunidade e ver que seria possível a realização desta pesquisa. Já o segundo trabalho de campo, realizado em 2015, foram realizadas seis entrevistas e no terceiro, e último trabalho de campo, realizado em 2017, foram realizadas mais 3 entrevistas, por meio de um roteiro semiestruturado, com lideranças e moradores do Mandira. Como resultados, a transformação que salta aos olhos, é referente as construções físicas, desde 2014, o primeiro contato com a comunidade, até 2017, várias construções e mudanças estruturais surgiram e que mudaram a configuração da comunidade. Como a construção do Restaubar Ostra Cataia, dos banheiros de uso público, a reforma e construção da extensão do galpão do centro cultural, muito utilizado em festas e eventos, a piscina, entre outras. Essas novas construções e reformas estão sendo motivadas especialmente pelo turismo de base comunitária que tem se fortalecido em toda a comunidade Mandira. Também foi possível perceber, uma transformação da comunidade no quesito ambiental, no manejo e cuidado do mangue e da extração das ostras, houve uma tomada de consciência no quesito do mangue, pois a extração de ostras estava desenfreada, afetando a capacidade de produção do manguezal. Depois da criação da Cooperostra, seguem um plano de manejo da reserva extrativista, para mitigar o impacto no mangue, que foi causado no passado e hoje já foi revertido. Outra transformação essencial para a comunidade Mandira, foi relacionada a sua identidade cultural, durante muitos anos os moradores sentiam vergonha de serem reconhecidos como mandiranos, pois sofriam racismo e preconceitos, por serem negros, da zona rural e extratores de ostras no manguezal. O quilombo de Mandira deve ser valorizado tanto por sua história, quanto por sua identidade quilombola, como também pelas práticas de conservação da natureza, da Mata Atlântica e do Manguezal.