Memórias da radioescuta no jornalismo carioca: histórias de uma prática de reportagem central na cobertura de crimes e cidade na segunda metade do século XX

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Mendes, Marlos Augusto Rangel
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://app.uff.br/riuff/handle/1/26418
Resumo: O presente trabalho tem por objeto um local e uma prática jornalística que existiu entre o começo dos anos 1970 e o começo dos anos 2000 nas redações de jornais do Rio de Janeiro chamada Sala de Escuta ou apenas Escuta. Consistia em um lugar para monitoramento das comunicações de emergência da polícia e de outros serviços públicos por meio de um rádio rastreador em busca de matéria-prima para produção noticiosa. Tendo como eixo teórico a proposta de história dos sistemas de comunicação, aplicou-se a metodologia da história oral em busca de relatos memoráveis de profissionais direta e indiretamente envolvidos com a Escuta, a saber, jornalistas e policiais militares. O objetivo foi abordar a história do jornalismo por meio da construção de um relato memorável sobre franja de atuação importante, mas que não tem sido objeto de estudos, e construir um relato sobre o papel da Escuta na produção noticiosa, os aparatos técnicos e os atores sociais envolvidos, assim como as tensões e contradições ao seu redor. Foram feitas entrevistas por videoconferência em decorrência da pandemia de Covid-19 e buscou-se cotejar os relatos sobre reportagens citadas com as páginas dos periódicos acessíveis em coleções digitais. A pesquisa aborda a história do rádio no Brasil e a criação dos serviços de radiopatrulha, ambos como expressões de anseios de modernização e progresso, na primeira metade do século XX, como preâmbulo para investigar o objeto Sala de Escuta. A partir dos relatos dos entrevistados, tentou-se caracterizar a Escuta como: um lugar de noticiabilidade, por atuar na captação de matéria-prima noticiosa, obedecendo a critérios de valor-noticia; um lugar de socialização e aprendizado, onde o novato era apresentado a códigos de conduta do grupo profissional e adquiria habilidades práticas e ferramentas cognitivas para o exercício do jornalismo; um lugar de invisibilidade, pois a função envolvia muita cobrança, pouco reconhecimento e reduzidas chances de ascensão para o profissional, e um lugar de clandestinidade, pois havia a percepção de que a Escuta era uma atividade ilegal. Dessa forma, construiu-se um relato memorável sobre uma rotina produtiva que pode servir de contribuição para os estudos de memória do jornalismo.