Alfabetização e temporalidade: contribuições de um experimento psicolinguístico para uma análise de períodos sensíveis ao letramento formal

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Cunha, Kelly Cristine Oliveira da
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://app.uff.br/riuff/handle/1/11648
Resumo: A cultura produziu uma percepção temporal que não se relaciona com o tempo biológico das pessoas que a produzem. Sob o argumento de que o corpo humano saudável responde com aprendizado a todo estímulo que lhe é imposto, muitas escolas vêm oferecendo a cultura letrada como benefício já nos primeiros anos de vida da criança, ignorando a (falta de) maturidade de seu desenvolvimento cerebral. Esta pesquisa faz um contraponto entre o tempo da cultura e o tempo biológico nos aspectos que se relacionam com a aprendizagem da leitura e da escrita. Santos (2002) descreve a concepção de temporalidade como preponderante para a construção da racionalidade ocidental que, ao assentar-se na ideia de que planificação e linearidade dividem a história em passado, presente e futuro, vê o presente como um momento de preparação para um futuro expandido. Esta pesquisa se lança criticamente sobre práticas que visam o desenvolvimento da alfabetização antes dos 6 anos de idade. Dehaene (2012) descreve o funcionamento íntimo das operações mentais feitas pela criança em fase de alfabetização: como a aprendizagem da leitura modifica o cérebro e como ela se ancora no sistema visual e nas áreas da linguagem, sugerindo como equivocadas e ineficientes as práticas que visam o letramento formal na Educação Infantil, período anterior ao amadurecimento dos recursos neuronais necessários a esse tipo de aprendizado. Através de experimento psicolinguístico, avaliou-se a proficiência de leitura de crianças ao final do 1º ano do Ensino Fundamental. As crianças participantes do experimento foram agrupadas segundo o nível de acesso ao letramento formal (ou ausência dele) obtido durante a Educação Infantil, sendo eles: (i) orientação para o letramento formal com abordagem sistematizada aos 4 anos de idade, (ii) orientação para o letramento formal com abordagem sistematizada aos 5 anos de idade, (iii) exposição à cultura letrada sem sistematização da escrita e (iv) ausência de exposição sistemática à cultura letrada. O objetivo da pesquisa foi verificar se o letramento formal precoce, em diferentes níveis e idades, de alguma forma produz efeito positivo na criança quando de sua chegada na alfabetização (1º ano do Ensino Fundamental), por contraste ao desempenho de crianças que não foram submetidas a esse tipo de treinamento. Verificou-se que o letramento formal precoce não produz efeito positivo sobre a proficiência de leitura das crianças