Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2023 |
Autor(a) principal: |
Santos, Isis Maria da Graça Ferreira |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://app.uff.br/riuff/handle/1/30033
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Resumo: |
A presente pesquisa aborda um problema epistemológico sobre a forma de produzir conhecimento acerca da utilização da natureza. A literatura sobre a sustentabilidade acaba não endereçando o problema da questão ambiental de forma central, mas apenas remediando seus problemas. Uma consequência direta dessa literatura é legitimar e autorizar o uso dos recursos naturais finitos, mas de forma infinita, sob a égide do desenvolvimento, radicado em uma ordem mercadológica das coisas, incluindo a natureza. A ideia do desenvolvimento como progresso faz parte de um projeto civilizatório maior, que bebe nas fontes da colonialidade e do capitalismo, consubstanciando o paradigma ocidentocêntrico no qual nos inserimos hoje. A tríade desenvolvimento-progresso-consumo torna-se problemática à medida que identificamos que, para sanar a questão ambiental, não se trata de impulsionar consumos outros, mas sim repensar a lógica de um consumo-ilimitado, que não considera suas externalidades. Krenak (2020) aponta a ideia de sustentabilidade no mundo ocidental como um mito, uma ideia-produto vendida de forma a perpetuar a lógica extrativista e o paradigma capitalista ocidentocêntrico. Considerando a abordagem central da pesquisa, dentro de uma perspectiva sobre a produção e difusão do conhecimento [a ideia de sustentabilidade], identifica-se a universidade como sendo o principal espaço catalisador de mudança do pensamento, e, portanto, como ponto nodal de atração e dispersão de saberes. O presente trabalho buscou pensar em uma episteme que permita reconfigurar este sistema, adotando a universidade, especificamente a Universidade Federal Fluminense, como um local de privilégio para esta análise, servindo como um ponto de partida dentro da atual geopolítica do conhecimento. A pesquisa bibliográfica demonstrou que a vertente decolonial se apresenta como contraponto ao paradigma atual que rege nosso sistema-mundo, sendo a lente primordial de leitura das chaves conceituais abordadas: o mito da sustentabilidade e a reformulação de sua episteme. A questão ambiental se impõe como um dos temas prioritários nas agendas dos governos e, portanto, também para a Administração Pública. A pesquisa orientou-se a partir de um diagnóstico amplo, sobre o esgotamento do modelo de sustentabilidade adotado, para propor uma intervenção ao ambiente organizacional interno da universidade, por meio de uma postura não passiva e remediadora do gestor/agente-público/burocrata de rua, que apenas organiza aquilo que já está dado, mas que, enquanto ciência, encontra caminhos possíveis para promover mudanças organizacionais de cultura, embasadas em um conhecimento local. Para promover esta intervenção que refletirá a produção do conhecimento na universidade sobre a sustentabilidade, a pesquisa transpassa a colonialidade do poder, do ser e do saber, como formas últimas da empresa da modernidade/colonialidade na sociedade atual, apresentando a proposta de criação de um curso que abordará, de forma decolonial e transversal, a cosmologia do Bem Viver, uma filosofia de vida que tenta [re]unir o indissociável binômio ser humano-natureza. Acerca da verificação de institucionalização de um curso nesses moldes, foi tomado como referência o Minor em Desafios Globais, com Ênfase em Desigualdades, curso superior sequencial na UFF, por meio da elaboração de um estudo de caso, o qual demonstrou ter aberto uma janela de oportunidade, no que tange à formação curricular transversal e à reestruturação organizacional, promovendo uma mudança de cultura organizacional, que abre espaço para a criação de novos cursos transversais, com perspectivas decoloniais sobre a sustentabilidade e para a urgente tarefa de descolonizar, não somente o conhecimento produzido, mas a própria universidade, um reduto ainda marcado pela colonialidade global. |