Como a desvalorização da literatura nos conduziu ao bolsonarismo

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Brandão, José Eduardo Fonseca
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://app.uff.br/riuff/handle/1/26094
Resumo: Este trabalho visa a elaborar hipóteses sobre como a desvalorização da Literatura nos conduziu ao bolsonarismo. Ele é organizado em dois eixos de investigação, um dedicado a compreender a formação do bolsonarismo e, outro, destinado a examinar a educação literária no Brasil, no Ensino Básico, o papel da Literatura na formação do ser humano e, finalmente, como a desvalorização da Literatura nos conduziu ao bolsonarismo. Este trabalho partiu da observação da aparência dos objetos de estudo, passando para a análise de suas atividades com o fim de formular hipóteses verificáveis segundo as categorias de conhecimento evocadas. Sendo a Literatura capaz de estabelecer diálogos com outras categorias do conhecimento, a análise de textos literários apontou as áreas do saber a serem convidadas para o diálogo. Analisando os escritos de Machado de Assis e Aluizio Azevedo e cruzando com os trabalhos de Jessé Souza (2019), Darcy Ribeiro (1983) e Ladislaw Dowbor (2017) foi possível analisar dinâmicas comportamentais relativas às classes sociais brasileiras que pavimentaram o caminho para o bolsonarismo. Determinada a natureza do bolsonarismo como um movimento político de massas fascista (Gustave Le Bon, Sigmund Freud e Wilhelm Reich), surgiu a necessidade de estudar quais são as condições para o aparecimento e para a ascensão de um movimento do tipo. Observou-se que, movimentos desse tipo jamais ocorrem em apenas uma localidade em um determinado período, mas, que, em um determinado período, ascendem movimentos fascistas em diversas localidades, sendo a crise econômica um dos pressupostos, justificando o uso da Literatura Comparada (Bernardo Kucinski, Fiódor Dostoiévski, José Saramago). Nas sociedades em que movimentos políticos fascistas ascenderam observou-se certo processo de alienação cultural, através da observação da indústria cultural e do mercado (Guy Debord, Theodor Adorno e Max Horkheimer), em conjunto com técnicas de formação, condicionamento e controle comportamental, resultando em indivíduos de baixa autoconfiança (ocultada por atitudes públicas de exibicionismo), que se submetiam à direção de líderes carismáticos fascistas (Wilhelm Reich). Notou-se, no modo como a indústria cultural exerce seu controle, o uso de uma Teoria da Literatura, na construção de suas narrativas e no cuidado estético para induzir as pessoas a consumir e a pensar de forma diversa às próprias necessidades, procedimento parecido ao do líder de massa fascista. Isso evidenciou que os movimentos políticos fascistas surgem se aproveitando de uma estrutura de dominação que pertence ao mercado, ou à indústria cultural, ou à elite. A segunda parte desta dissertação é dedicada a analisar a importância da Literatura (Antonio Candido, Vera Maria Tietzmann Silva, Jean-Paul Sartre e Paulo Freire) e seu processo de desvalorização no Brasil, no Ensino Básico, caracterizado, atualmente, por uma dinâmica de ensino que mais contribui para afastar os educandos da disciplina (Mirian H. Y. Zappone). A necessidade de Literatura (ainda que em formatos diversos) é, cada vez mais, preenchida pela indústria cultural espetacular, que condiciona as sociedades a consumirem seus produtos e suas filosofias. Ao final da dissertação, o leitor saberá como a desvalorização da Literatura nos conduziu ao bolsonarismo.