Colonização e infecção cutânea por Staphylococcus aureus resistente à meticilina associado à comunidade em crianças e adolescentes com afecções dermatológicas

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Souza, Angela Cristina Leitão de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal Fluminense
Niterói
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://app.uff.br/riuff/handle/1/7705
Resumo: Nos últimos anos, o aumento de infecções pelo Staphylococcus aureus resistente à meticilina associado à comunidade (CA-MRSA) em crianças tem gerado grandes preocupações. Com o relato de casos ocasionando alta morbimortalidade na população pediátrica, tem-se questionado os fatores que levam à disseminação deste patógeno na comunidade. Sabe-se que as narinas atuam como reservatório para S. aureus e que a colonização nasal aumenta o risco de infecção por este micro-organismo, principalmente infecções cutâneas e subcutâneas. Os objetivos deste trabalho foram avaliar a prevalência de colonização nasal e infecção cutânea por CA-MRSA no Ambulatório de Dermatologia Pediátrica e os fatores associados a tal colonização e infecção, assim como comparar o perfil genotípico das cepas identificadas. Este estudo de corte transversal foi realizado em clínicas dermatológicas em Niterói-RJ entre fevereiro e julho de 2015, sendo a amostra obtida por conveniência. Realizou-se coleta dos dados clínicos e epidemiológicos, seguida por coleta por suabe em ambas as narinas e nas lesões cutâneas sugestivas de infecção bacteriana. Procedeu-se à análise laboratorial com testes de caracterização da espécie S. aureus. As amostras positivas foram avaliadas quanto à resistência aos antimicrobianos e genotipadas para pesquisa do gene de resistência, por reação em cadeia da polimerase (PCR). A pesquisa dos genes lukS-PV e lukF-PV, responsáveis pela codificação do fator de virulência PVL (Panton-Valentine leucocidin), foi realizada nas amostras de S. aureus. Posteriormente, realizou-se nas amostras resistentes a genotipagem do cassete cromossômico estafilocócico (SCCmec, Staphylococcus cassete chromosome mec), por PCR multiplex. Avaliou-se 228 pacientes de zero a 19 anos. S. aureus foi detectado em 123/228 (53,9%) e MRSA em 20 (8,8%) dos suabes nasais. Nas 40 lesões cutâneas detectou-se 16 (40%) de S. aureus, sendo 6 (15%) de MRSA. Na análise fenotípica, todas as 26 cepas de MRSA isoladas eram sensíveis a vancomicina, nitrofurantoína e rifampicina. Dessas, 12 (46,2%) eram resistentes a eritromicina, 3 (11,5%) resistentes a clindamicina e 2 (7,8%) resistentes a sulfametoxazol-trimetoprim. Dentre as 26 cepas de MRSA (20 de suabes nasais e 6 de lesões cutâneas), todas foram positivas para o gene espécie-específico SA442 e três tipagens de Sccmec foram detectadas: 24 do tipo IV ou V, correspondendo a 92,3% de cepas de CA-MRSA, e apenas 2 (7,8%) tipo III. A detecção do gene da PVL foi positiva em 11 (42,3%), sendo 5/20 (25%) das cepas de MRSA nasais e 6/6 (100%) das cepas de MRSA coletas das infecções cutâneas. Pacientes com dermatite atópica apresentaram colonização nasal de 20/30 (66,6%) para S. aureus e 6/30 (20%) para MRSA. Pacientes com colonização nasal para S. aureus apresentaram chance seis vezes maior de infecção cutânea por S. aureus (p valor = 0,0181). Nenhum fator de risco foi identificado para colonização por S. aureus ou MRSA. A alta prevalência de colonização por S. aureus e MRSA em crianças desse estudo alerta para uma escolha mais criteriosa dos antimicrobianos quando necessários. Os achados deste estudo reforçam a importância da vigilância epidemiológica criteriosa das infecções por bactérias resistentes relacionadas ao ambiente comunitário, visando melhorar a qualidade da assistência prestada aos pacientes.