A criminalização das manifestações de rua nas páginas do jornal O Globo: quando 2013 encontra 1968

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2025
Autor(a) principal: Gaspar, Carolina Barreto da Silva
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://app.uff.br/riuff/handle/1/35886
Resumo: Esta dissertação faz uma análise comparativa de como o jornal O Globo cobriu as jornadas de junho de 2013 e as principais manifestações de rua de 1968 – assassinato de Edson Luis, Sexta-Feira Sangrenta e Passeata dos Cem Mil. A hipótese central do trabalho é a de que a forma como o jornal cobriu essas manifestações em momentos tão distintos da História do Brasil muda pouco no essencial. O Globo preserva uma abordagem conservadora, e até mesmo autoritária, na cobertura das manifestações de rua. O trabalho se estrutura a partir da análise dos enquadramentos que mais se repetem em cada uma dessas coberturas, pensando seu significado e efeitos. A constatação de que há muitas semelhanças entre elas não nos impede, no entanto, de perceber que a de 2013, diferentemente da de 1968, vai se modificando ao longo do tempo conforme aumentava o contingente de pessoas que saía às ruas. Realizamos uma análise quantitativa, aprofundada por uma abordagem qualitativa, de todas as matérias referentes às manifestações publicadas entre os dias 07 e 21 de junho de 2013, 29 de março e 4 de abril de 1968, 22 de junho de 1968 e 27 de junho de 1968. Para evitar repetições desnecessárias, optamos por trazer para a redação final deste trabalho apenas a análise qualitativa das matérias mais reveladoras dos enquadramentos recorrentes. A análise quantitativa, por outro lado, foi feita em cima de todo o corpus de reportagens do período mencionado. O fato de um dos principais jornais do país manter até hoje uma cobertura de manifestações feita a partir de padrões de representação já utilizados durante a ditadura empresarial- militar nos leva a colocar em questão os limites da nossa democracia. Afinal, a imprensa é uma importante ferramenta de orientação do cotidiano, local de construção e desconstrução de valores da sociedade. Ela contribui para pautar as conversações entre as pessoas, orientar suas visões de mundo e também interfere nas ações das instituições. Se a imprensa criminaliza as manifestações de rua, influencia no olhar da cidadania sobre elas.