Os usos do “mas quando” paraense

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Reis, Érica do Socorro Barbosa
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://app.uff.br/riuff/handle/1/9944
Resumo: A dissertação em questão traz uma análise sobre os usos funcionais do “mas quando” falado em determinadas regiões do estado do Pará. Esta construção é utilizada em contextos de falas coloquiais e, principalmente, em diálogos. No decorrer da pesquisa, por meio da análise de dados, destacamos três usos de “mas quando”: USO 1 [mas] [quando], USO 2 [mas [quando]] e USO 3 [mas quando]. No USO 1 encontramos a ocorrência que podemos chamar de uso original, comum ou basilar aos falantes da língua portuguesa no Brasil em que o “mas” apresenta sua função de conjunção adversativa prototípica juntamente com o “quando” que possui valor de conjunção temporal também prototípica. Entretanto, passamos a observar outros usos diversos do uso comum e a eles chamamos de USO 2 e 3. No USO 2, há o destaque para um significado ambíguo ou híbrido e, no USO 3, há a expressão paraense com significado negativo ou opositivo, não comum na língua portuguesa para falantes fora do estado do Pará. Deve-se ressaltar que foram encontradas 56 ocorrências de “mas quando” envolvendo os 3 (três) usos e que, numa análise quantitativa, temos: 23,21% de dados do USO 1; 12,50% de dados do USO 2 e 64,29% de dados do USO 3. Os corpora escolhidos para este trabalho são compostos por: i) sentenças extraídas de narrativas orais amazônicas do acervo do Projeto de Pesquisa e Extensão, o IFNOPAP (O Imaginário nas Formas de Narrativas Orais Populares da Amazônia Paraense); (ii) Áudios em que informantes da ilha de Breves, localizada no Arquipélago do Marajó, ao extremo Norte do estado do Pará, narravam histórias ditas fantásticas do imaginário daquele lugar (Plataforma Brasil, número 5243); (iii) Recortes de conversas dos aplicativos de Mensagens Instantâneas (MIs) WhatsApp e Messenger; e (iv) postagens feitas na rede social Facebook. Estamos diante de um estudo funcionalista que versa analisar a polissemia linguística da construção “mas quando” no falar paraense. O uso 3, o mais frequente, apresenta o sentido negativo e opositivo ao tornar-se um chunking sequencial, segundo Bybee (2010). Nossa hipótese se encaminha para demonstrar que a conjunção “mas” apresenta a carga opositiva e adversativa, o que se aproxima muito do aspecto negativo da expressão, juntamente com a conjunção temporal “quando”, que também pode apresentar valor negativo, segundo Neves (2011), apesar de continuar demarcando um tempo que não é mais determinado. Logo, as duas construções se fundem pelo que Bybee (2010) denomina de similaridade, por apresentarem categorias com significados similares, em uma única construção, formando um agrupamento imutável, uma nova construção, com novo significado (chunking). Em suma, temos supostamente uma negação marcada principalmente pelo “mas”, dentro de um tempo indeterminado, marcado pelo “quando”