O desenvolvimentodo sistema de determinante de referência definida no português de Monte Café (São Tomé)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Souza, Yanna Karolina Figueiredo de lattes
Orientador(a): Baxter, Alan Norman lattes
Banca de defesa: Baxter, Alan Norman, Silva, Maria Cristina Vieira de Figueiredo, Sousa, Shirley Freitas de
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Língua e Cultura (PPGLINC) 
Departamento: Instituto de Letras
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufba.br/handle/ri/35949
Resumo: Esta dissertação investiga a variação no uso dos determinantes de referência [+ definida] [+específica] no sintagma determinante (SD) em posição de sujeito e objeto direto, no português da comunidade tonga de Monte Café, em São Tomé (África). Essa comunidade compartilha uma série de características com o Português Afro-Brasileiro (LUCCHESI, BAXTER, RIBEIRO, 2009; NEVES, 2014, 2019), sociolinguísticas e históricas: colonização portuguesa, distribuições latifundiárias, exploração de populações do continente africano e situações de contato linguístico e bilinguismo. A dissertação estuda os fatores linguísticos e extralinguísticos que condicionam a variação no uso de determinantes de referência definida, que manifesta três variantes: (i) a realização do artigo definido, como em “A minha geração, são poucos que falam a língua dos pais”; (ii) o demonstrativo não-dêitico, como no exemplo “Os patrões é que falavam isso, que criô essa separação de nossos avós”; (iii) o determinante zero (Ø), como em “Guera veio assi memo, nossos preto é que ranjô isso”. A pesquisa focou no uso do Det Ø, a variante mais frequente, e se desenvolveu com o aporte teórico-metodológico da Sociolinguística Variacionista (LABOV, 2008; GUY; ZILLES, 2007). Dados extraídos de um corpus de 18 entrevistas sociolinguísticas estratificadas em três faixas etárias, 1 (de 20 a 40 anos), 2 (de 41 a 60 anos),e 3 (≥ 61 anos), foram tratados pelo programa estatístico GOLDVARB-X (SANKOFF; TAGLIAMONTE; SMITH, 2005). A análise avaliou a influência de dez variáveis independentes, e identificou como estatisticamente significativas quatro variáveis linguísticas (número no SD, presença de outro constituinte no SD, animacidade do substantivo, e familiaridade da referência) e duas variáveis sociais (faixa etária e sexo). Confirmou-se a relação estreita ente SD singular e o uso do Det Ø, como também o efeito favorecedor da presença de outros constituintes no SD. A variável familiaridade da referência revela o papel da pragmática no uso do Det Ø, enquanto a animacidade do substantivo confirma a relação proposta por Lyons (1999) entre os traços [+ definido] e [+ animado] e o determinante nulo. Os resultados realçam a importância da interface entre o nível gramatical e o da pragmática para derivar interpretações corretas da leitura [+ específica] [+ definida] nesta variedade de português. No âmbito extralinguístico, as faixas etárias revelam um perfil aquisicional, com uso mais conservador pelos falantes das faixas 2 e 3 (ambas favorecendo o Det Ø), e um uso mais inovador entre os falantes da faixa 1 (que favorecem o artigo foneticamente realizado). Por outro lado, a variável sexo mostra um comportamento mais conservador na fala das mulheres (que realizam mais o Det Ø) em relação à dos homens.