MEMÓRIAS, NARRATIVAS DE DESLOCAMENTO E IDENTIDADES TRANSTERRITORILIZADAS DE MIGRANTES EM FLUXO FORÇADO: ENTRE O DESEJO DO SER, DO PERTENCER E DO (RE)EXISTIR

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: NUNES, TIAGO ALVES lattes
Orientador(a): BAPTISTA, LIVIA MARCIA TIBA RADIS
Banca de defesa: BAPTISTA, LIVIA MARCIA TIBA RADIS, SANTOS, TEREZINHA OLIVEIRA, SILVA JÚNIOR, ANTONIO FERREIRA DA, PALMA, DANIELA PALMA, LOBO, VALDINEY DA COSTA
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Língua e Cultura (PPGLINC) 
Departamento: Instituto de Letras
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufba.br/handle/ri/37582
Resumo: A mobilidade forçada, sobretudo a que culmina no refúgio, é uma realidade complexa que se alastra por todo o planeta, em algumas regiões mais, outras menos, de sorte que muitas frentes de estudo se debruçam sobre os vértices dessa problemática social. Levando em consideração as migrações forçadas no Eixo Sul-Sul e a partir do ponto de vista dos estudos da linguagem, em em especial da Linguística Aplicada, esta pesquisa se debruça sobre a migração de fluxo forçado oriunda da Venezuela para o Brasil, na cidade de Salvador em específico, dado que tal movimento proporciona questões de naturezas transculturais, transterritoriais e translinguísticas. Dito isso, esta tese objetiva compreender como as identidades de imigrantes venezuelanos em deslocamento forçado, no eixo do Sul Global, no contexto brasileiro, são re/construídas e transterritorializadas. Ademais, busca-se i) investigar o papel da memória para a reconstrução das identidades dos deslocados venezuelanos no contexto brasileiro; ii) compreender de que modo as memórias são ressignificadas pelos sujeitos no deslocamento e quais as implicações para a re/construção e transterritorialidade de suas identidades iii) analisar como as línguas, no deslocamento forçado, desde o ponto de vista do migrante em fluxo forçado, são subsídios ou obstáculos nas relações transculturais no contexto do refúgio; por fim, iv) explicar a relação do contexto de refugiado, da memória e das narrativas de deslocamento para a construção identitária desses sujeitos em questão. Para tanto, lançamos mão de teóricos e teorias, dentre outras, relacionadas à identidade (CASTELLS, 1996; SILVA, 2000; BAPTISTA, 2017, 2021); à superdiversidade (VERTOVEC, 2007; BLOMMAERT; RAMPTON, 2011); ao território, territorialidade e multi/transterritorialidade (SANTOS, 1994; HAESBAERT, 2004, 2005; HAESBAERT, MONDARDO, 2010); à Antropologia da mobilidade (AUGÉ, 2010); às narrativas de deslocamento (BAYNHAM; DE FINA, 2005; DE FINA; GEORGAKOPOULOU, 2008; DE FINA, 2003) e, por fim, à memória (POLLAK, 1992; CANDAU, 2012) e pós-memória. Do ponto de vista metodológico, a partir dos objetivos de pesquisa, esta investigação configura-se como sendo descritiva e explicativa de abordagem qualitativa e perspectiva abdutiva. Igualmente, a pesquisa, a partir dos procedimentos técnicos, é entendida como um estudo de caso de método biográfico. Os participantes da pesquisa foram 3 venezuelanos em fluxo forçado residentes em Salvador com status jurídicos de solicitação de refúgio, refugiado e/ou residência. A partir disso, foram geradas narrativas de deslocamento por meio de entrevistas semiestruturadas individuais, gravadas em áudio e, após, transcritas. A investigação mostrou que as identidades dos migrantes em questão são reconstruídas de modo particular na mobilidade, o que chamei de identidades transterritorializadas; além disso, os elementos de memória são primordiais para essa reconstrução, sobretudo em acontecimentos ligados à pós-memória, às transterritorialidade e às práticas de linguagem e translíngues no novo território de vivência, de modo que tais questões, também, estão conexas aos desejos do ser, do pertencer e do reexistir no novo território de (sobre)vivências.