Outras Macabéas: mulheres nordestinas e deslocamento em dois romances de Marilene Felinto

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Nascimento, Isabela Cristina do [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/193598
Resumo: Este trabalho tem por objetivo analisar o deslocamento das protagonistas dos romances As mulheres de Tijucopapo (2004) e O lago encantado de Grongonzo (1992), de Marilene Felinto, problematizando a (des)construção de suas identidades a partir desses movimentos e a relação que se cria entre o espaço do sertão e o espaço da metrópole nas narrativas. A pesquisa parte da hipótese de que as personagens da autora apontam para uma nova perspectiva de representação da mulher nordestina em deslocamento na literatura brasileira, vinculada – ou não – a um domínio narrativo (voz e focalização) que interfere em sua composição. Felinto constrói personagens coléricas nos sentimentos e nas palavras, com experiências de vida marcadas pela fragmentação e pela busca de um lugar e uma identidade. Diferentemente do que se constata no romance de 30 acerca da migração nordestina e suas motivações – como a seca, a miséria e a fome – o deslocamento de nordestinos que surge nas produções contemporâneas envolve, para além dos problemas geográficos e econômicos, outros estímulos, outras vozes e outras nuances de significado. Os anseios, os choques identitário e cultural, o estranhamento e a revolta de Rísia e Deisi são desencadeados pelas sucessivas andanças que compõem suas trajetórias de vida, pois ambas saem do espaço de origem para um espaço outro e, no entanto, retornam. O movimento de regresso, isto é, a saída das metrópoles que as “criaram” em direção às origens traduz o esfacelamento subjetivo do qual são vítimas. Ademais, falar de mulheres e mobilidade na literatura é unir pontos antagônicos, e, nesse caso, soma-se o fato de que tais mulheres deslocadas pertencem a narrativas que foram, por vezes, deixadas às margens da crítica literária. Desse modo, a discussão proposta também faz ecoar aspectos de transgressão, ruptura de silêncios, desvelamento de alteridades e desestabilização de hegemonias canônicas.