Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2005 |
Autor(a) principal: |
Gomes, Adriana Sanches Rocha |
Orientador(a): |
Misi, Aroldo |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
|
Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Instituto de Geociências
|
Programa de Pós-Graduação: |
Geologia
|
Departamento: |
Não Informado pela instituição
|
País: |
Brasil
|
Palavras-chave em Português: |
|
Área do conhecimento CNPq: |
|
Link de acesso: |
http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/22036
|
Resumo: |
O Cráton do São Francisco abriga diversos pequenos depósitos de chumbo e zinco, associados aos Grupos Una e Bambuí, pertencentes ao Supergrupo homônimo. Posicionados neste contexto encontram-se os depósitos de Irecê (BA), Serra do Ramalho (BA) e Montalvânia (MG), todos encaixados em sedimentos carbonáticos neoproterozóicos. Diversas características, são comuns a esses depósitos. As rochas hospedeiras das mineralizações são dolarenitos, normalmente silicificados, posicionadas numa seqüência regressiva em fácies evaporíticas de águas rasas, caracterizando a presença de um controle litológico do minério. O minério sulfetado é constituído predominantemente por galena, esfalerita e pirita, com quantidades variáveis entre os depósitos, ocorrendo principalmente de forma disseminada, em bolsões e veios, cujos minerais de ganga são essencialmente dolomita, calcita, quartzo e barita, caracterizados como tipo stratabound, tardi-diagenética a epigenética, e também sin-sedimentar em Irecê. O controle estrutural, decorrente da reativação de antigas falhas e fraturas NW-SE do embasamento durante e após a sedimentação da bacia (evento Brasiliano/Panafricano) foi responsável pela circulação dos fluidos hidrotermais através de um extenso sistema hidrodinâmico em diferentes tempos durante o soterramento das unidades permeáveis, gerando dolomitização, silicificação, dissolução/colapso e mineralização nas rochas encaixantes. Todas as áreas estudadas apresentam temperaturas moderadas e mesma composição dos fluidos (sistema NaClCaCl2-H2O) com salinidades baixas a moderadas, indicando que os fluidos mineralizantes possuiam capacidades similares de lixiviação e transporte dos metais, sendo portanto a fonte dos metais e a tectônica da bacia os fatores diferenciais na formação do minério em cada depósito. As assinaturas isotópicas de chumbo determinadas em cada área são muito distintas, porém homogêneas, indicando uma consistência com a origem em uma única fonte para cada depósito ou com múltiplas fontes bem homogeneizadas, com exceção de Irecê (IL) que possui baixa homogeneidade, associada provavelmente a uma mistura de fontes. O elevado caráter radiogênico das razões isotópicas de Pb nos depósitos estudados fornecem idades futuras para as mineralizações e idades Arqueana/Paleoproterozóica para fonte em Serra do Ramalho e Irecê respectivamente, obtidas através de isócronas secundárias. Em Montalvânia, apesar de detectados valores menos radiogênicos do chumbo não foi possível a obtenção de espalhamento suficiente para gerar uma isócrona, o que pode refletir (i) uma fonte em rochas do embasamento menos radiogênica, inclusive com contribuição de chumbo ligado mais fortemente à estrutura do mineral hospedeiro, lixiviado devido a um maior tempo de interação fluido-rocha, ou (ii) uma mistura com chumbo menos radiogênico proveniente de sedimentos sobrejacentes às rochas do embasamento. A distribuição geográfica das razões isotópicas de Pb obtidas nas áreas estudadas dentro das Bacias São Francisco (MontalvâniaÎSerra do Ramalho / MZÎCAÎLBX) e Irecê (MGÎIL), mostra uma tendência de enriquecimento radiogênico no sentido de sul para norte. Essa distribuição corrobora a indicação de diferentes rochasfonte ou mistura de fontes, assim como a presença de rochas-fonte mais antigas ao sul das bacias. Entretanto, a linearidade das razões de 206/207Pb sugere uma mistura de fontes para os depósitos estudados. Quando se correlacionam as assinaturas isotópicas de enxofre, com as razões isotópicas de Pb obtidas nas galenas de cada depósito estudado, nota-se uma relação inversa, caracterizada por duas tendências em que: (1) razões isotópicas de chumbo geralmente mais altas são mais variáveis que as de enxofre, que possuem assinaturas mais pesadas, e (2) razões isotópicas de chumbo menos radiogênicas possuem um menor espalhamento e relaciona-se com razões isotópicas de enxofre mais leves e relativamente mais dispersas. Esses trends exibem ainda uma diferença entre os valores máximos e mínimos das razões isotópicas de enxofre iguais e da ordem de 13‰ CDT, sugerindo uma relação comum entre suas fontes e entre as condições químicas de formação dos sulfetos. Além disso, o trend que possui menor variação de Pb que enxofre vincula-se a depósitos com valores modais de salinidades e temperaturas mais elevados, os quais possuem condição mais efetiva para lixiviação e transporte de metais, inclusive em minerais com razões mais baixas de Pb. A relação inversa entre S e Pb nos diferentes depósitos sugere que uma pequena parte do enxofre foi transportada junto com os metais, e a influência de um evento mineralizador de grande escala regulado pelo efeito da tectônica global atuante nas bacias, guardando as particularidades inerentes a cada ambiente de deposição. As assinaturas isotópicas de enxofre de sulfetos e sulfatos em Serra do Ramalho-Montalvânia mostram-se homogêneas e altamente positivas indicando a água do mar em ambiente restrito como fonte do enxofre. As temperaturas moderadas encontradas indicam a redução termoquímica como processo de redução do sulfato. A determinação da causa do movimento dos fluidos mineralizantes, embora exija ainda mais estudos é sugerida nesse trabalho como sendo resultante possivelmente, do soterramento de rochas permeáveis afetadas por uma tectônica extensional em um período onde o grau geotérmico da Terra era mais elevado (~50°C/km), sendo capaz de propiciar a movimentação de um extensivo sistema hidrodinâmico, no qual a migração dos fluidos (aquecidos e salinizados) em larga escala foram fundamentais nos processos de dolomitização, silicificação, dissolução hidrotermal e mineralização. |