Caracterização Geológica das Rochas Calcissilicáticas e Metacarbonáticas do Complexo Tanque Novo – Ipirá na Folha Pintadas – Ba: Potencial Metalogenético para Fosfato

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Ribeiro, Tatiana Silva
Orientador(a): Misi, Aroldo
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Instituto de Geociências
Programa de Pós-Graduação: Geologia
Departamento: Não Informado pela instituição
País: brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/22524
Resumo: Esta dissertação descreve e analisa a geologia e os aspectos petrográficos e litogeoquímicos de rochas metacarbonáticas e calcissilicáticas do Complexo Tanque Novo-Ipirá, na Folha Topográfica de Pintadas - SC.24-YD-V, Estado da Bahia. Estas rochas fazem parte do Cráton do São Francisco, no contexto tectônico do Cinturão Orogênico Itabuna-Salvador Curaçá, de idade paleoproterozoica, que é constituído de uma sequência supracrustal incorporada no Complexo TTG-ortognaisse Caraíba, intrudido por corpos granitóides durante várias fases de deformação. Estas rochas estão inseridas em um cinturão de cisalhamento dúctil de natureza transcorrente sinistral, que contém as mineralizações de fosfato (apatita) na região de Ipirá e Gavião. Estudos petrográficos permitiram classificar as rochas estudadas em metacarbonatos, incluindo olivina-mármore, serpentina-mármore, granada-microclina mármore, diopsídiomármore, diopsidito e diopsidito com microclina. Elas revelam uma paragênese progressiva, que atingiu temperaturas de fácies anfibolito a granulito. O metamorfismo retrógrado é evidenciado pelas mudanças olivina/serpentina, serpentina/talco, diopsídio/tremolita, biotita/clorita e microclina/sericita. Rochas metassomáticas de substituição (tactitos), quartzito e grafita-xisto do pacote metassedimentar também foram estudados. Dados litogeoquímicos auxiliaram na compreensão da distribuição dos elementos principais e indicaram que algumas amostras têm contribuição pelítica e hidrotermal. O teor de P2O5 tem uma média de 0,29%, com níveis anômalos que atingem 3,4% em mármores, diopsiditos e tactitos. Quando normalizado para PAAS, o padrão de ETRY mostra um leve enriquecimento em ETR leves, onde a maioria das amostras contém até 10x os valores do normalizador. A assinatura da água do mar é preservada nas rochas supracrustais, marcada pela anomalia negativa de cério (Ce/Ce* = 0,12-0,86 em mármore e 0,26-0,99 em rochas calcissilicáticas); anomalia positiva de európio (Eu/Eu* = 0,67-1,68 em mármore e 0,43-1,48 em rochas calcissilicáticas) e Y positivo. Os dados indicam que estas rochas foram depositadas em um ambiente marinho, com disponibilidade de oxigênio na bacia paleoproterozoica, permitindo assim a precipitação de fósforo na fronteira entre as zonas anóxica e sub-óxica. O padrão de distribuição ETRY é semelhante àqueles das formações ferríferas Kuruman (Paleoproterozoico) e Isua (Arqueano). Apesar do metamorfismo de facies anfibolito a granulito seguido de retrogressão, marcado pela atividade hidrotermal, as razões Y/Ho contra as razões Eu/Sm sugerem que a maioria destas amostras ainda preserva a assinatura da água do mar, com pequena ou nenhuma influência de fluidos hidrotermais na modificação dos padrões ETRY. Estas rochas exibem razões Y/Ho entre 25 e 40, enquanto que valores abaixo de 30 indicam fortemente uma predominância de contribuição continental. Baixas concentrações de Cu, Ni, Cr, Co, também corroboram a origem sedimentar. Estes novos dados suportam um modelo de mineralização de apatita proposto anteriormente, sugerindo que diopsiditos e mármores retêm um nível mineralizado de fósforo primário, o qual teria recristalizado durante o evento hidrotermal. A similaridade dos padrões de ETR das rochas supracrustais do setor nordeste do Cráton do São Francisco (Complexo Rio Salitre e Vale do Jacurici) pode estender a possibilidades de ocorrência de depósitos de fosfato paleoproterozoicos, com aumento das reservas na região. Depósitos desta idade já são reconhecidos e explorados em outros países, como Índia e Rússia