O cuidado às mulheres em situação de violência doméstica na perspectiva de trabalhadores e trabalhadoras da Estratégia Saúde da Família.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Andrade, Laís Melo lattes
Orientador(a): Dejo, Vânia Nora Bustamante
Banca de defesa: Dejo, Vania Nora Bustamante, Reis, Ana Paula dos, d'Oliveira, Ana Flávia Pires Lucas
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal da Bahia
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva (PPGSC-ISC)
Departamento: Instituto de Saúde Coletiva - ISC
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufba.br/handle/ri/38013
Resumo: A violência doméstica contra as mulheres é um problema do campo da saúde, que tem na Estratégia Saúde da Família uma importante via de enfrentamento, principalmente pela sua proximidade com o território onde as mulheres vivem com suas famílias. Desta forma, este estudo buscou descrever como a temática do cuidado à mulher em situação de violência doméstica se apresenta no processo de trabalho da Estratégia de Saúde da Família a partir da visão de seus trabalhadores e trabalhadoras. A realização da pesquisa foi marcada pelo advento da pandemia do coronavírus, que impossibilitou a presença no campo, e que consequentemente, se mantivesse a ideia inicial, onde a observação participante seria utilizada como técnica de investigação. Assim, mantendo a opção pela metodologia qualitativa, utilizou-se a entrevista semiestruturada como principal fonte de dados, e alguns diários de campo. A partir destes, o conteúdo obtido foi analisado por meio da Análise Temática. A discussão foi elaborada a partir da articulação teórica entre os estudos do campo de Gênero, o processo de trabalho e a micropolítica do trabalho em saúde, bem como a compreensão acerca da violência modernista, considerando também o processo de construção das políticas em saúde para as mulheres no contexto brasileiro. Observou-se uma ausência de conhecimento técnico-científico acerca do tema e práticas em saúde baseadas, principalmente, nos saberes construídos a partir da experiência obtida na vivência de cada profissional. A estrutura verticalizada na qual se conforma a relação entre gestão municipal e serviço, e a dinâmica de um processo de trabalho que precisa responder às demandas do sistema capitalista são fatores que dificultam que esses saberes práticos possam ser expressos por trabalhadoras e trabalhadores em processos coletivos de construção de um modo de fazer saúde, e em articulação com o conhecimento técnico científico acerca da violência doméstica contra a mulher. Um protocolo institucional que possa nortear as práticas de cuidado às mulheres mostrou-se fundamental para que seja possível prestar um cuidado que possa garantir a segurança dos/das profissionais e a qualidade da assistência à mulher em situação de violência. Apesar de compreenderem que a violência contra a mulher possui raízes na conformação de uma sociedade machista e patriarcal, ficou evidenciada a secundarização do problema diante de outras questões de saúde. À margem desse entendimento, os/as agentes do trabalho em saúde não estão livres dos pré-julgamentos e discursos que apontam para um conhecimento existente, porém, superficial acerca das questões de gênero na sociedade, sendo fundamental o seu aprofundamento para a produção de um cuidado integral. Ao final do estudo, são trazidas reflexões e sugestões a partir dos achados, de modo que possam contribuir não somente para a discussão sobre o tema, mas também serem fontes para construção de políticas de saúde.