TRAUMA NA LITERATURA: ANTÓNIO LOBO ANTUNES E A EXPERIÊNCIA NA ESCRITA

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: OLIVEIRA, Romilton Batista de
Orientador(a): MATOS, Edilene Dias
Banca de defesa: PEREIRA, Maurício Matos, ROSSONI, Igor, RODRIGUES, Inara de Oliveira, FARIAS, Francisco Ramos de
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Instituto de Humanidades, Artes e Ciências -IHAC
Programa de Pós-Graduação: Programa Multidisciplinar de Pós-Graduação em Cultura e Sociedade
Departamento: Não Informado pela instituição
País: brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/25596
Resumo: A presente tese de Doutoramento em Cultura e Sociedade da Universidade Federal da Bahia – UFBA, tem como objetivo investigar a representação do trauma na literatura a partir dos romances autobiográficos do escritor português António Lobo Antunes: Memória de Elefante, Os Cus de Judas e Conhecimento do Inferno, além de suas importantes selecionadas crônicas e de várias entrevistas dadas por Lobo Antunes que complementam o nosso corpus de pesquisa. Pretende-se, por meio desses romances, das crônicas e das respectivas entrevistas investigar como o trauma, “ferida” que se inscreve no corpo do sobrevivente, é responsável pela desconstrução da identidade dos personagens-protagonistas que narram o acontecimento traumático interpelado por uma memória oriunda da Guerra Colonial em Angola. A pesquisa é teórico-metodologicamente bibliográfica, amparada pela literatura de testemunho, pela teoria do trauma e representação, interpelada por uma dimensão pós-colonial, numa perspectiva dialógica e interdisciplinar, reconhece que a linguagem é o fio condutor na representação do trauma na literatura, interagindo com vários conceitos que com ele estão inseridos: a voz, o imaginário, o espaço, o tempo, a identidade, entre outros. Pretende-se a partir do diálogo entre os conceitos defendidos por diversos autores selecionados por esta pesquisa, concretizar a análise do trauma por meio dos dois gêneros literários e das entrevistas que servem como objeto de análise mencionado anteriormente, interpelados por signos traumáticos que dessubjetivam a identidade do narrador-personagem que, após a vivência com a Guerra Colonial em Angola e o seu retorno a Portugal não consegue adaptar-se e levar a vida como antes, passando por uma violenta crise de representação. Entretanto, consegue detectar que essa significativa transformação ocorrida em sua vida produz até os dias atuais, conforme entrevista dada pelo escritor a María Luisa Blanco (2002), uma angústia suicida que o persegue como algo desconfortável que adentra o seu interior como cicatriz que marca para sempre a sua vida, a sua escrita literária. Autores como Halbwachs (2006), Bergson (2010), Seligmann-Silva (2000, 2003), Seixo (2002, 2008), Foucault (1979, 2008), Freud (1976, 2011), Butler (2015, 2016), Hall (2006), entre outros, são citados nesta pesquisa para dar uma maior consistência à análise das obras literárias. Os resultados deste trabalho mostram que os romances e crônicas aqui investigados e interpelados pela relevantes entrevistas refletem o doloroso processo traumático que está por traz do texto literário, consolidado por meio de um discurso crítico e desconstrutivo produzido por um romancista que consegue destravar os “nós” que impediam com que o trauma ou a linguagem traumática pudesse emergir de seu interior e transformar-se numa rica produção literária, de rastro testemunhal, autobiográfico, histórico e memorialístico.