Bandeira livre: uma etnografia sobre os motoristas de táxi da cidade de São Salvador da Bahia

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Machado Junior, Edmundo Fonseca
Orientador(a): Sansone, Lívio
Banca de defesa: Eckert, Cornélia, Magnani, José Guilherme Cantor, Rodrigues, Núbia Bento, Hita, Maria Gabriela
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-graduação em Antropologia
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/25974
Resumo: Bandeira Livre: uma etnografia sobre os motoristas de táxi da cidade de São Salvador da Bahia trata do táxi, dos taxistas e das condições de seu uso nesta capital. Como uma “janela de tempo” informo as condições que contribuíram para uma nova forma de pensar e conceber esta “metrópole dos trópicos”, em termos de seu planejamento urbano, da popularização do uso e do consumo de automovíeis como meio de transporte e a consequente emergência de um grupo de trabalhadores, que antecederam os taxistas, entre os anos de 1910-50, conhecidos por “choferes de praça”. Os choferes de praça se tornaram portadores de valores modernos: deslocamento, velocidade, sentimentos de liberdade e de autonomia, domínio do homem sobre as máquinas. Se para os usuários, o carro de praça, em contraste com o bonde ou “jahus” – representava a diferenciação de status, a individualidade de um grupo social que desejava através do automóvel, o distanciamento daqueles que não fossem seus pares –, para os choferes de praça, de origem não-abastada, em sua maioria – este tipo de serviço significou uma forma de romper distâncias e fronteiras sociais. Em contrapartida, os desmotorizados da cidade, se encontravam despreparados sensorialmente para enfrentar esse novo estímulo, o trânsito e o tráfego. Com a produção nacional de automóveis (1960-70 - fuscas/Volkswagen, sobretudo), ocorreu a padronização dos carros táxis no Brasil. Em Salvador, esse processo se associou a uma política de cidade turística, que tornou os táxis e os taxistas dessa cidade, indissociáveis de sua paisagem urbana e do hábito de seu uso pelos citadinos. Com os Regulamentos que orientaram as formas de exploração desse serviço de transporte na capital baiana (1980 e 1992), diversificaramse os meios de ingresso e relação dos motoristas com a “indústria do táxi soteropolitana”. A pesquisa etnográfica, nos pontos e filas de táxi tornou possível a observação das disputas, dos conflitos, das estratégias, das negociações entre esses trabalhadores do volante por espaço, usuários e corridas de táxi. Compreendendo o interior dos carros táxi como “microcosmos sociais”, captando como se fossem “lentes de aumento” variadas formas de se comportar, mover e consumir a cidade, os taxistas devem ser considerados como importantes mediadores de relações sociais entre os usuários e espaços em Salvador. De dia, de noite ou de madrugada, em meio ao anonimato, a fugacidade dos encontros, os taxistas têm em si qualidades: a onipresença, a ambiguidade, a adaptabilidade, a malícia; são responsáveis pelo movimento, pelo intercâmbio social ou pelas situações consideradas transitórias.