O tráfico negreiro da Bahia: agentes, investimentos e redistribuição (1690-1817)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Souza, Cândido Eugênio Domingues de lattes
Orientador(a): Reis, João José, Pedreira, Jorge Miguel de Melo Viana
Banca de defesa: Ferreira, Roquinaldo, Costa, Maria Leonor Freire, Menz, Maximiliano Mac, Cardim, Pedro António Albuquerque e Castro Almeida, Pedreira, Jorge Miguel de Melo Viana
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal da Bahia
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em História (PPGH) 
Departamento: Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (FFCH)
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufba.br/handle/ri/37316
Resumo: Este trabalho tem como objetivo analisar o tráfico de africanos escravizados desenvolvido em Salvador da Bahia no período de 1690 a 1817. Pretendeu-se demonstrar dimensões políticas e econômicas globais do tráfico, anteriormente não evidenciadas. A pesquisa dividiu-se em duas partes. A primeira discute-se a organização do tráfico da Bahia, na primeira metade do século XVIII, inserida nas discussões sobre a política e diplomacia, buscando entender como questões supranacionais interferiram nas relações de Salvador com a Costa da Mina. Depois, analisa-se como os homens de negócio da Bahia se organizaram para defender seus interesses comerciais na Costa da Mina, mas mantendo suas ligações com correspondentes e agentes mercantis em Lisboa. Os dois capítulos refutam uma discussão historiográfica nacionalista centrada no protagonismo dos comerciantes de Salvador, rivalizando com seus pares reinóis e centrados no comércio bilateral entre a Bahia e a África. A segunda parte buscou mostrar que o tráfico da Bahia seguiu regras tradicionais da cultura mercantil europeia, utilizando os mesmos instrumentos para o seu financiamento como as letras de risco, as carregações e as sociedades. Este comércio também apresentou mecanismos tradicionais da própria praça baiana, como a larga participação social nos investimentos no tráfico. Ficou evidente que o tráfico era sustentado pelo crédito e foi desenvolvido em dois níveis: um mais concentrado em mãos de homens de negócios profissionais, que detinham o capital e poder político, estavam inseridos em redes globais de negócios e eram importantes credores da praça. O outro era mais disperso entre centenas de médios e pequenos investidores nos navios negreiros. Algumas mulheres destacaram-se no primeiro nível, por integrarem famílias de negreiros, investir ao longo da vida e administrar os negócios quando viúvas. A pesquisa buscou dialogar com a História Global, mirando as relações entre os mercados negreiros da Bahia e de outras praças do Brasil, assim como o mercado brasileiro de mercadorias tropicais (açúcar, tabaco, ouro), com os consumidores europeus, considerando ainda as relações com o Oriente. Ressaltou-se também as relações entre os homens de negócios de Salvador com seus pares europeus e asiáticos.