O papel da intuição na tomada de decisão de líderes em contexto de crise organizacional

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Silva, Daniel Lima da lattes
Orientador(a): Figueiredo, Paulo Soares lattes
Banca de defesa: Figueiredo, Paulo Soares lattes, Moscon, Daniela Campos Bahia lattes, Costa, Luana Folchini da lattes
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal da Bahia
Programa de Pós-Graduação: Núcleo de Pós-Graduação em Administração (NPGA)
Departamento: Escola de Administração
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufba.br/handle/ri/37349
Resumo: A pandemia de COVID-19 disseminou um cenário de crise inédito para as organizações de serviços no Brasil, exigindo de seus líderes executivos a habilidade de tomar decisões em um ambiente complexo e incerto. Quando o ambiente organizacional muda rapidamente e exige respostas ágeis, coerentes e criativas, líderes experientes tendem a decidir com o auxílio de julgamentos e percepções intuitivas (HODGKINSON; LANGAN-FOX; SADLER-SMITH, 2008). Compreendidas como julgamentos formados sem a necessidade de análise deliberada e uma justificativa clara, as intuições surgem acompanhados de estados afetivos e têm como origem o aprendizado tácito adquirido pela experiência prática em uma área ou função específica (DANE; PRATT, 2007). As pesquisas sobre tomada de decisão de líderes, ao agregar avanços da psicologia cognitiva e neurociência, reposicionaram a intuição como recursos válido e com potencial contribuições relevantes para a o desempenho dos líderes (AKINCI; SADLER-SMITH, 2012). Partindo da problematização sobre a presença da intuição no processo decisório dos líderes e as necessidades de liderar equipes no ambiente turbulento da crise de COVID-19, esta dissertação teve o propósito de identificar a influência da intuição na tomada de decisão de líderes de empresas de serviços. Dois estudos foram realizados para este objetivo. O primeiro deles verifica a relação entre a experiência como líder e a capacidade de adaptar seu desempenho às mudanças provocadas pela pandemia e se essa relação foi mediada pela preferência e habilidade de tomar decisões intuitivamente. A amostra não probabilística de 120 líderes de empresas de serviços participantes do estudo foi obtida por meio de um questionário estilo survey, as escalas utilizadas - Rational Experiential Inventory (REI) e a escala de desempenho adaptativo desenvolvida por Charbonnier Voirin e Roussel (2012) - foram traduzidas e adaptadas para finalidades do estudo. Os resultados foram analisados seguindo a técnica de análise de mediação desenvolvida por Baron e Kenny (1986). A análise de resultados não confirmou o efeito de mediação, mas indicou a existência de uma relação positiva e estatisticamente significativa da intuição com o desempenho adaptativo de líderes. No segundo estudo, explorou-se em quais decisões os líderes mais frequentemente usam a intuição. 15 líderes selecionados da amostra inicialmente obtida do estudo 1 foram entrevistados e as transcrições foram submetidas a análise de conteúdo temática. A partir da análise indutiva dos dados, elaborou-se o modelo de uso da intuição por líderes (MUIL). O modelo é composto pelas categorias de decisão que os líderes mais usam a intuição para decidir, as definições que os líderes atribuem a intuição e quais fatores contextuais contribuem para a presença de decisões intuitivas. As categorias temáticas de decisões orientadas a pessoas e decisões orientadas a processos emergiram da análide dos dados que representam duas orientações de aplicação da intuição na tomada de decisão. A primeira se dedica a questões e problemas relacionados a aspectos relacionais, sociais e subjetivos, enquanto a segundo se volta para os problemas técnicos na execução dos processos de trabalhos, desde a identificação de problemas a criação de novas soluções. Fatores como incerteza das informações, estrutura organizacional flexíveis e aspectos subjetivos das decisões são elementos contextuais que aumentam a ocorrência de decisões intuitivas. As implicações práticas e teóricas de ambos os estudos, assim como as limitações dos estudos, são discutidas.