Resumo: |
A teoria da comunicação animal afirma que os sinais biológicos são expressões da seleção natural, sendo a sobrevivência e o sucesso na reprodução as principais forças motrizes. A comunicação acústica é uma das mais utilizadas, principalmente devido a eficiência de sua transmissão no meio. Dentre as hipóteses que permeiam a comunicação pelo som, a de adaptação acústica postula que o ambiente é um importante fator de modificação dos sinais acústicos, resultantes da interação entre indivíduos e habitat. Já a hipótese da sociabilidade na comunicação postula que com o aumento da complexidade social, os animais apresentarão maior complexidade em suas sinalizações. No entanto, pouco se sabe como ocorrem as relações envolvidas na comunicação acústica com a sociabilidade. Os animais que possuem o som como principal sentido utilizam uma ampla variedade de sinais em todas suas atividades vitais, principalmente em comportamentos sociais, sendo que a ligação entre sociabilidade e diversidade acústica pode estar relacionada com a evolução dos sons tonais. Assim, o objetivo geral do estudo foi analisar as relações envolvidas na comunicação acústica, avaliando os efeitos diretos e indiretos da complexidade social sobre a complexidade acústica, mediados pelos sinais tonais, usando os cetáceos como modelo para testes. Foi aplicada a técnica estatística de Modelagem de Equações Estruturais (MEE), utilizando-se as variáveis de tamanho de grupo, tipo de sociedade e número de filhotes para medir a complexidade social; as variáveis de tonalidade (dB), amplitude (dB) da frequência fundamental, frequência máxima (Hz), frequência mínima (Hz) e duração (s) para descrever os sinais tonais; e as variáveis de número de pontos de inflexão e número de notas para medir a complexidade acústica. De acordo com os resultados do MEE, as variáveis descritoras dos sons tonais mediaram todos os efeitos das variáveis de complexidade social. Os efeitos significativos de maior magnitude foram provenientes, principalmente, de tamanho de grupo e número de filhotes. O MEE mostrou que o número de notas teve a maior parte de sua variação (R² = 0.94) explicada, recebendo efeitos de maior magnitude dos coeficientes de caminho de tamanho de grupo e número de filhotes. Já o número de pontos de inflexão teve o menor coeficiente de determinação (R² = 0.35), a qual não recebeu efeito direto significativo de nenhuma das variáveis de complexidade social, recebendo influência apenas das variáveis descritoras dos sinais tonais. O presente estudo forneceu uma maior compreensão sobre a natureza da comunicação animal, com os sinais de comunicação dos cetáceos apresentando funções para as interações que predominam em suas sociedades, com uma nítida relação entre as estruturas sociais e a diversidade acústica dos sinais tonais vistos nos mais diferentes grupos deste táxon, demonstrando uma possível estrutura de modelagem a ser aplicada aos sistemas comunicativos. |
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