Usos e funcionamento dos determinantes demonstrativos no português dos séculos XIII, XIV e XVII: um estudo na perspectiva funcionalista

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2011
Autor(a) principal: Lins, Alex Batista
Orientador(a): Souza, Emília Helena Portella Monteiro de
Banca de defesa: Souza, Emília Helena Portella Monteiro de, Silva, Rosa Virgínia Mattos e, Barreto, Therezinha Maria Mello, Oliveira, Josane Moreira de, Lopes, Norma da Silva
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Instituto de Letras
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Letras e Lingüística
Departamento: Não Informado pela instituição
País: brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/28970
Resumo: O presente trabalho aborda os usos e o funcionamento dos pronomes demonstrativos variáveis e invariáveis no Período Arcaico (PA) e no Período Clássico (PCl) da Língua Portuguesa, tomando como corpus, sob um enfoque funcionalista, o Foro Real, de Afonso X, século XIII, o Flos Sanctorum, século XIV e os Diálogos de São Gregório, século XIV – para o PA – e as Cartas da Baía e as Cartas do Maranhão, século XVII – para o PCl –. O objetivo maior é de identificar os usos e os aspectos funcionais dos determinantes demonstrativos nos referidos estágios do português. Procura-se, ainda, investigar qual sistema desses pronomes, binário ou ternário, prevalecia nas fases arcaica e clássica dessa língua; e avaliar o comportamento e a produtividade do inventário das formas variáveis e invariáveis dos demonstrativos no corpus sob análise, levando-se em consideração as propriedades dêitica e fórica que possuem. A análise e interpretação dos dados fundamentam-se no Funcionalismo com aportes na Linguística Textual, com vistas a contemplar melhor as questões ligadas ao funcionamento dos demonstrativos no âmbito dos processos/propriedades da referenciação e da foricidade. Para tanto, as considerações de um conjunto de teóricos foram tomadas como norte e sustentáculo na presente pesquisa, a exemplo, dentre outros, de Halliday e Hasan (1976, 1978), Câmara Jr. (1976, 1977), Koch (1990, 2004, 2005), Givón (1991, 1995), Apothéloz e Chanet (2003), Neves (2000, 2006, 2007), Marine (2004, 2009), Castilho (1993, 2006, 2007, 2010) e Cambraia (2008, 2009, 2010). No plano metodológico, procede-se: (a) a uma apresentação do percurso histórico dos demonstrativos do Latim Clássico ao português; (b) a uma explanação sobre a relação dêixis, foricidade e pronomes demonstrativos; (c) a uma retomada de alguns estudos sobre o sistema pronominal dos demonstrativos, para que se possa subsidiar a determinação de qual era o sistema desses itens – se binário ou ternário – em uso ou em prevalência, com base nos textos que compõem o corpus, no PA e no PCl; (d) a um levantamento das formas e da frequência de uso dos pronomes demonstrativos no corpus; (d) a uma análise do valor semântico-funcional desses itens em posição nuclear ou marginal no SN; e (f) a um confronto, a partir dos textos selecionados para esta pesquisa, da utilização e do funcionamento dos itens demonstrativos no PA e no PCl. Os resultados permitem indicar que, nesse período, os demonstrativos desempenham não apenas as funções conhecidas e apregoadas pela gramática normativa, mas também o papel de elementos referenciadores e fóricos, com destacado potencial endofórico. Desse modo, tais itens desempenham significativo papel no estabelecimento da coerência e da coesão textual, atuando na ativação, retomada e encerramento do tópico discursivo. Os dados do corpus mostraram também que o sistema pronominal demonstrativo presente no PA e continuado no PCl, encontra-se em variação, configurando-se ora binário, num esquema [este/esse : aquele], em que as formas este/esse variam assumindo tanto a 1ª. quanto a 2ª. pessoas do discurso; ora ternário, num esquema [este : esse : aquele], em que este ocupa a posição de 1ª. pessoa, esse, a de 2ª. pessoa e aquele, a de 3ª. pessoa. Identificou-se, na referida amostra, relativa predominância do primeiro sistema sobre o segundo, o que não pode ser tomado, no entanto, como elemento para a afirmação generalizada de que no PA e no PCl, como um todo, o sistema pronominal demonstrativo se configuraria binário, sendo necessário, portanto, abarcar amostragem maior de textos desses períodos, a fim de investigar ainda mais essa questão.