Significação e linguagem científica no Tractatus de Wittgenstein

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2009
Autor(a) principal: Nossa Junior, Serafim da Silva
Orientador(a): Silva, João Carlos Salles Pires da
Banca de defesa: Freire Junior, Olival, Oliveira, Eduardo Chagas
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Filosofia (PPGF)
Departamento: Não Informado pela instituição
País: brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/15811
Resumo: Acreditando resolver definitivamente todos os problemas filosóficos, o Tractatus Logico-Philosophicus de Ludwig Wittgenstein, independentemente de cumprir ou não o ambicioso anúncio de seu Prefácio, por certo influenciou radicalmente os estudos de filosofia que seguiram à sua publicação. Sob forte influência de suas ideias, a epistemologia contemporânea deve à sua análise lógica da linguagem – que elucida, ou mostra, como uma proposição com sentido pode bem dizer os fatos – a matriz filosófica que municiou, e ainda municia, discussões acerca do princípio da verificabilidade. Desse modo, a aderência do Tractatus às idéias da filosofia gestada no Círculo de Viena, ainda que ostensivamente criticada por Wittgenstein, se consolidara como a grande contribuição wittgensteiniana para o positivismo lógico, notadamente, a filosofia de Moritz Schlick e Alfred Jules Ayer. Ambos investiram na proximidade estreita entre a leitura lógica da estrutura da proposição, erguida por Wittgenstein, e a tarefa de fundamentação da atividade científica. Questões semelhantes a “como posso verificar uma proposição?” e “o que, enquanto condição, permite a verificabilidade de uma proposição?” rondavam, frequentemente, os espaços de debate filosófico, muitos deles, capitaneados por Schlick. Para esse filósofo, responder tais questões consistia o programa de pesquisa da nova filosofia da linguagem, projeto ancorado em passagens fundamentais do Tractatus, em particular naquelas voltadas à lógica como condição para a significatividade, para o sentido das proposições significativas. Isso posto, nosso trabalho se propõe cumprir dupla tarefa: expor, em linhas gerais, o projeto do Tractatus, enfatizando tanto suas idéias seminais para a lógica como aquela “contraparte mística”, por vezes tomada como dispensável e tardia; e promover uma aproximação entre o princípio da verificabilidade e o projeto do Tractatus, na tentativa de identificação da estabelecida familiaridade entre as teses do Círculo e as idéias de Wittgenstein. Mostraremos que a benquista proximidade do Tractatus ao pensamento do positivismo lógico, apesar de acanhar seu projeto fornecendo uma leitura parcial da sua filosofia, seguiu profícua para os estudos da significação, em especial para a discussão acerca da natureza da descrição científica. Tal debate, de forte viés logicista, faz derivar os maiores avanços já edificados pela epistemologia contemporânea, todavia, e isso pouco se evidencia, colabora para a dissolução da árdua integração lógico-mística empreendida por Wittgenstein – talvez o motivo maior de sua insatisfação frente às teses do positivismo lógico – que consideramos essencial para a plena compreensão da obra.