A morte de si pelo sertão da memória: uma análise do universo de Antônio Torres

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Almeida, Adriana Soares lattes
Orientador(a): Vieira, Nancy Rita Ferreira lattes
Banca de defesa: André, Willian lattes, Fonseca, Aleilton santana lattes, Azevedo, Luciene Almeida lattes, Santos, Mônica de Menezes lattes, Vieira, Nancy Rita Ferreira lattes
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal da Bahia
Programa de Pós-Graduação: Pós-Graduação em Literatura e Cultura (PPGLITCULT) 
Departamento: Instituto de Letras
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufba.br/handle/ri/36488
Resumo: Este estudo tematiza o universo literário de Antônio Torres, a partir de três pilares: o suicídio, o espaço e a memória. Com base nessa tríade das narrativas torreanas, tenho como objeto de pesquisa nove romances do autor: Um cão uivando para a lua (1972), Os homens dos pés redondos (1973), Essa terra (1976), Carta ao Bispo (1979), Balada da infância perdida (1986), Um táxi para Viena D’Áustria (1991), O Cachorro e o Lobo (1997), Pelo fundo da agulha (2006) e Querida cidade (2021). Objetivo, a partir deles, discutir o universo literário de Antônio Torres, tendo por diretriz o suicídio, o espaço e a memória. Para tanto, realizo um estudo de cunho qualitativo e de revisão bibliográfica, assente na análise literária, em diálogo com outras áreas do saber. Partindo de um panorama do suicídio na história do Ocidente e sua abordagem na literatura, examino as sucessivas ocorrências da morte voluntária que permeiam os romances aqui discutidos, a fim de compreender os personagens que optaram pelo ato e quais as suas motivações. Para desvendar o tabu que se ergue em torno da morte autoinfligida nos mais de vinte personagens suicidas do autor baiano, grande parte deles sertanejos migrantes, estabeleço um diálogo entre a literatura, a história, a sociologia, a psicologia e a psicanálise através dos trabalhos de Albert Camus (2018a; 2018b; 2019), Willian André (2020), Georges Minois (2018), Ramon Andrés (2015), Émile Durkheim (2012), Karina Okajima Fukumitsu (2013), Neury Botega (2015) e Sigmund Freud (2013). Em busca da compreensão do espaço como um dos alicerces da obra torreana, me volto ao sertão na literatura brasileira por meio dos trabalhos de Fernando Cristóvão (1993; 1994) e Gilberto Teles (2009), para então discutir o Junco, a cidade natal do escritor, no sertão da Bahia, e a profunda ligação dos personagens a esse território no qual fincaram suas raízes. Por fim, submeto à análise as memórias que compõem as narrativas do autor, no intuito de discutir o enraizamento dos personagens à terra natal, bem como seu desenraizamento na metrópole em razão da diáspora. Recorro, portanto, aos estudos de Maurice Halbwachs (2003), Ecléa Bosi (1987; 1994; 2003) e Simone Weil (1996; 2001) para o debate sobre essas memórias e suas implicações às tramas. Além disso, procuro discutir o papel das memórias familiares na constituição das identidades desses sujeitos sertanejos e, para tanto, os trabalhos de Anne Muxel e Françoise Zonabend (1991) me foram de grande valia. Assim como os estudos de Diana Cohen Agrest (2007) e Joseba Achotegui (2000), que me auxiliaram na compreensão das relações entre a memória e o luto que permeiam a narrativa daqueles que foram marcados pelo suicídio de um ente querido. Desse modo, procurei demonstrar a criação de um universo literário em que sujeitos migrantes, marcados pelo desenraizamento e pelo suicídio, sustentam sua existência na memória de suas raízes fincadas no sertão.