Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2024 |
Autor(a) principal: |
Santos, Shayana Busson
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Orientador(a): |
Pinto, Fernanda Rabelo,
Soares, Luiz Carlos |
Banca de defesa: |
Soares, Luiz Carlos,
Silva, Indianara Lima,
Sanglard, Gisele Porto,
Barreto, Maria Renilza,
O’dwyer Junior, Edson |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
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Programa de Pós-Graduação: |
Programa de Pós-Graduação em Ensino, Filosofia e História das Ciências (PPGEFHC)
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Departamento: |
Faculdade de Educação
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País: |
Brasil
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Palavras-chave em Português: |
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Área do conhecimento CNPq: |
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Link de acesso: |
https://repositorio.ufba.br/handle/ri/40027
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Resumo: |
Esta tese dedica-se ao estudo da violência obstétrica a partir da trajetória da ciência médica na Bahia, de meados do século XIX à meados do século XX. Nos aproximamos de diferentes narrativas pontuadas por estudiosos de áreas e saberes diversos como médicos/as, historiadores/as, sociólogos/as e antropólogos/as, para discutir protocolos e transformações dos modelos de partos. Tal assunto remete a investigações sob recorte de gênero, violência institucional, biopoder, tecnocracia, práticas médicas e patriarcado. Buscamos sinalizar, através do resgate da história do parto na Bahia, as dinâmicas iniciais que impulsionaram o Brasil na liderança mundial de violências obstétricas (em 2021 a República Dominicana ultrapassou o Brasil nos dados de violência obstétrica). Este trabalho, portanto, realiza um mapeamento histórico do surgimento da obstetrícia e seus procedimentos “científicos” com as mulheres, desde meados do século XIX até meados do século XX no Brasil, com foco na Bahia. Através de análise bibliográfica e fontes primárias (Teses da Faculdade de Medicina da Bahia, Relatórios da Santa Casa, Revista Gazeta Médica, Jornais da Bahia e Memorial Anual da Faculdade de Medicina da Bahia), discutimos o cenário de cura no Ocidente até a Bahia, as diferentes doutrinas medicinais, os agentes populares de cura médica, as dificuldades do processo de institucionalização da obstetrícia moderna e sua posterior alavancada, a chegada do “doutor” nas cenas de parto, a relação de disputa entre homens médicos e parteiras, a ausência e exclusão de mulheres na ciência e na medicina feminina, os procedimentos cirúrgicos e intervencionistas contra mulheres, a chegada da maternidade, o discurso biomédico sobre o corpo feminino e epistemologias de gênero. Constatamos que o advento da ciência obstétrica moderna, diferente do que sugere o triunfalismo da história oficial da medicina, tem relação direta com o aparecimento de movimentos de resistência feminina contra violência obstétrica, a partir da metade do século XX, justamente pela configuração de mudanças que, sob a égide do discurso científico, provocaram mais insatisfações e sofrimentos do que proteção e saúde às mulheres e seus corpos. Elabora-se, desse modo, um resgate crítico da trajetória da ciência médica feminina, a fim de que não se minimizem ou simplifiquem a questão do sofrimento humano e para que possamos colaborar na mudança positiva do exercício e da prática científica. |