Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2023 |
Autor(a) principal: |
Aleixo, Mariah Torres |
Orientador(a): |
Fonseca, Claudia Lee Williams |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Palavras-chave em Inglês: |
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Link de acesso: |
http://hdl.handle.net/10183/266019
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Resumo: |
A violência obstétrica é uma categoria que emergiu em meio ao Movimento pela Humanização do Parto e Nascimento, principalmente quando mães ativistas passaram a integrá-lo em maior número. Elas passam a reivindicar que uma série de condutas de profissionais e instituições de saúde na assistência obstétrica ao pré-natal, parto e pós-parto, antes normalizadas, constituem um tipo específico de violência contra a mulher, isto é, violência obstétrica. Diante desse cenário, desde 2019 passei a seguir os atores que manejam a noção de violência obstétrica em suas práticas ativistas e/ou profissionais. Isso envolveu, então, seguir atividades e ações, presenciais e online (via redes sociais) de mães ativistas, profissionais da medicina obstetrícia, advogadas especializadas e mulheres vítimas dessa violência. Envolveu também a realização de entrevistas em profundidade, perambulações e acompanhamentos de redes sociais, eventos e palestras, observações em congresso de ginecologia e obstetrícia e análise de documentos produzidos por corporações médicas e advogadas. Utilizando como caminho metodológico a proposta de implosão do objeto tracei quais noções de violência obstétrica os atores que acompanhei estavam produzindo ao manejar a categoria, bem como quais as mediações que eles fizeram/fazem nesse processo. As mães ativistas centram o combate à violência obstétrica na difusão de informações baseadas em evidências científicas e promoção do poder de decisão e autonomia das mulheres. Embora as corporações médicas se manifestem contra o uso do termo violência obstétrica, uma série de médicos reconhecem problemas com a assistência ao parto e somente as obstetras feministas promovem o uso da noção de violência obstétrica; porém os médicos em conjunto convergem para a defesa da autonomia das pacientes. As advogadas especializadas em violência obstétrica agem como as principais mediadoras, formulando conceitos jurídicos de violência obstétrica a partir de conhecimentos da área da saúde e de demandas ativistas, e traduzindo isso para as mulheres a quem buscam alcançar como clientes. As vítimas não são somente aquelas familiarizadas com o universo da humanização do nascimento, mas todas as mulheres que passam a interpretar as crueldades vividas em suas vidas reprodutivas, agora, como violência. Enfim, nosso percurso de pesquisa mostra como as variadas histórias contadas por minhas interlocutoras, ao gerarem um desafio à unificação e à “tecnificação”, desestabilizam a “violência obstétrica” que as especialistas procuram descrever. Contudo, é graças aos muitos debates circundando o termo que as mulheres mães encontram, para além de uma lista de procedimentos técnicos, uma linguagem para as más experiências e, principalmente, as crueldades – muitas delas fruto de uma violência de gênero – vividas em suas vidas reprodutivas. |