Pra eu e pra mim fazer: traços sociodialetais nas capitais brasileiras

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Santos, Leandro Almeida dos lattes
Orientador(a): Ribeiro, Silvana Soares Costa
Banca de defesa: Araújo, Rerrisson Cavalcante de, Mota, Jacyra Andrade, Santos, Gredson dos, Mendes, Elisângela dos Passos, Gonçalves, Clézio Roberto, Ribeiro, Silvana Soares Costa
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal da Bahia
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Língua e Cultura (PPGLINC) 
Departamento: Instituto de Letras
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufba.br/handle/ri/39574
Resumo: Nesta tese, analisa-se o comportamento dos pronomes pessoais do caso reto eu e do caso oblíquo tônico mim, em posição de sujeito, precedidos da preposição para, em contextos como Isto é para eu fazer e Isto é para mim fazer, nas capitais brasileiras. O objetivo é verificar a variação entre o eu (forma de prestígio) e o mim (forma estigmatizada) e as possíveis influências de fatores intra e/ou extralinguísticos condicionadores ou não do uso variável, tais como: fatores diatópicos, sociais, linguísticos e históricos, que podem moldar a língua e, por vezes, interferir nos usos. Como fundamentos teóricos e metodológicos, adotam- se os pressupostos da Dialetologia, com ênfase no método geolinguístico pluridimensional – e da Sociolinguística Variacionista. Desse modo, acredita-se que a estrutura para/pra+eu/mim+infinitivo possui um comportamento que pode evidenciar diferentes perfis, quer seja dialetal/ horizontal, quer seja sociolinguístico/vertical. Os corpora de análise para o estudo foram recolhidos em amostras orais do Português Brasileiro (PB), nas décadas de 70 e 90, dados do Projeto de Estudo da Norma Linguística Urbana Culta do Brasil – Projeto NURC – e, nos anos 2000, dados do Projeto Atlas Linguístico do Brasil – Projeto ALiB. Ao tomar por base dois importantes bancos de dados sobre a língua portuguesa falada em solo brasileiro, ressaltam-se os critérios metodológicos distintos, a saber: i. Projeto NURC: 307 inquéritos, a partir do Diálogos entre Informante e Documentador (DID); Diálogos entre dois informantes (D2); e das Elocuções formais (EF); 342 informantes, oriundos de cinco capitais – Recife, Salvador, Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre –, pertencentes as faixas etárias I – 25 a 35 anos; II – 36 a 55 anos; e III – 56 anos em diante, todos com nível universitário; ii. Projeto ALiB: 200 inquéritos, a partir de todo o Questionários (COMITÊ NACIONAL..., 2001), sobretudo, a questão 023 do Questionário Morfossintático (QMS); 200 informantes, oriundos das 25 capitais, pertencentes as faixas etárias I – 18 a 30 anos – e II – 50 a 65 anos; com nível de escolaridade fundamental e universitário. Após ampla revisão de literatura, por diferentes perspectivas – gramáticas, gerativista, sociocognitiva, sociolinguística e dialetológica – sobre o fenômeno ora analisado, audição dos áudios e consulta às transcrições grafemáticas, as ocorrências foram codificadas e submetidas à análise do programa estatístico Goldvarb X (SANKOFF; TAGLIAMONTE; SMITH, 2005). Os dados submetidos à tal análise demonstraram que a distribuição sob o eixo horizontal, no que tange à localidade, é um fator relevante para o entendimento e à compreensão desse fenômeno no PB. Assim, no que tange ao eixo vertical, embora a forma mim – estigmatizada, associada ao “erro” e atribuída à língua falada indígena – seja documentada em todas as capitais, independentemente do nível de escolaridade, nota-se que os informantes universitários, nos dois corpora, tendem ao uso da forma de prestígio. Ademais, um fator linguístico – função sintática da oração infinitiva – também exerceu influência sobre as escolhas dos pronomes em estudo. Os resultados foram dispostos em cinco cartas linguísticas, com dados percentuais e pesos relativos, a fim de demonstrar a variação diatópica e a diastrática, por meio de critérios que facilitam o acesso e a leitura dos dados, como a representação do não dado; a inserção de QR-code nas cartas, que levará à análise delas em uma plataforma digital aberta, visando a um fazer científico ao alcance de todos, fato que torna a geolinguística brasileira a pioneira nesse quesito.