A determinação de gênero feminino no português brasileiro

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Santana, Élide Elen da Paixão lattes
Orientador(a): Oliveira, Josane Moreira de
Banca de defesa: Oliveira, Josane Moreira de, Mota, Jacyra Andrade, Silva, Maria Cristina Vieira de Figueiredo, Rocha, Franciane, Simões Neto, Natival Almeida
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal da Bahia
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Língua e Cultura (PPGLINC) 
Departamento: Instituto de Letras
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufba.br/handle/ri/40092
Resumo: A presente tese de doutorado discute a variação de gênero através da atribuição de gênero feminino a quatro vocábulos: ‘alemão’, ‘chefe’, ‘ladrão’ e ‘presidente’, além de outras lexias utilizadas para nomear os conceitos “mulher que nasce na Alemanha”, “mulher que chefia”, “mulher que rouba” e “mulher na presidência”. A análise da marcação de gênero leva em consideração a seleção de uso dos informantes e as suas avaliações e julgamentos de valor das formas mencionadas, o que proporciona uma discussão acerca da expressão de ideais sexistas através da linguagem, apoiada nos estudos do gênero que se associam a questões que perpassam pelo trabalho das mulheres, presença de mulheres na política assim como a reprodução desses ideais através na língua, que, na atualidade, se mostra bastante ativa com a discussão do gênero não-binário no português e em outras línguas. Este trabalho fundamenta-se nos pressupostos teórico-metodológicos da Dialetologia (Chambers; Trudgill, 1994; Ferreira; Cardoso, 1994), da Geolinguística Pluridimensional (Cardoso, 2010) e da Sociolinguística Variacionista (Weinreich; Labov; Herzog, 2006 [1968]; Labov, 2008 [1972]), tendo como objetivo a análise dos dados linguísticos através de um viés quantitativo e qualitativo. Os dados linguísticos foram obtidos do questionário do Projeto Atlas Linguístico do Brasil (ALiB), aplicado a 1.100 informantes oriundos de 250 localidades, distribuídas pelas cinco regiões do país, tanto cidades do interior quanto capitais de estado. Os informantes são estratificados de acordo com escolaridade (fundamental incompleta e universitária), duas faixas etárias (18 a 30 e 50 a 65 anos) e sexo, proporcionando, assim, critérios sociais que podem dar indícios das motivações que influenciam as escolhas linguísticas. Os resultados obtidos através da escuta dos áudios foram catalogados e são apresentados em tabelas, gráficos e cartas linguísticas, permitindo a visualização dos dados e a comparação entre diferentes grupos sociais, somando-se à discussão dos temas que buscam explicar as motivações das escolhas linguísticas. Com isso, é possível chegar a resultados que indicam a preferência pelas formas comuns de dois gêneros, como em ‘chefe’ e ‘presidente’ ao invés de ‘chefa’ e ‘presidenta’, a identificação de formas não esperadas utilizadas como alternativa à forma padrão ‘alemã’ e a competição entre as variantes ‘ladra’ e ‘ladrona’. Para além disso, identificaram-se sufixos variados que carregam marcas de feminino e podem ser utilizados como alternativa aos sufixos esperados e à demonstração de dúvida e desconhecimento dos informantes acerca de formas linguísticas específicas para denominar os conceitos questionados. Os resultados podem, então, contribuir para a compreensão da categoria de gênero linguístico no português enquanto diversa e mais plural do que o que se tem definido em gramáticas prescritivas.