Contos, encontros e (en)cantos sob o Àla de Òṣàlà: do Rio à Bahia, a Vida da Ìyá Àgbá Cici de Òṣàlúfón.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Santos, Fernando Batista dos. lattes
Orientador(a): Moura, Milton Araújo lattes
Banca de defesa: Moura, Milton Araújo lattes, Lühning, Angela Elisabeth lattes, Freitas, Joseania Miranda lattes, Queiroz, Martha Rosa Figueira lattes, Guerola, Carlos Maroto lattes
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal da Bahia
Programa de Pós-Graduação: Programa Multidisciplinar de Pós-Graduação em Cultura e Sociedade (Poscultura) 
Departamento: Instituto de Humanidades, Artes e Ciências Professor Milton Santos - IHAC
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufba.br/handle/ri/39754
Resumo: Apresenta-se a história de vida de Nancy de Souza e Silva, nascida no Rio de Janeiro em 2 de novembro de 1939, iniciada no Candomblé baiano de nação Kétu em 18 de janeiro de 1972, no Ilé Àṣẹ Òpó Àganju, onde detém o cargo de Ọtun Ìyá Ilé fun. Atuou como colaboradora de Pierre Fatumbi Verger em 1995. Tornou-se conhecida como Vovó Cici de Òṣàlá, notabilizando-se como contadora de histórias afro-brasileiras a partir do trabalho desenvolvido no Espaço Cultural Pierre Verger. Foi agraciada com o título de Doutora Honoris Causa pela Universidade Federal da Bahia em 2023, como reconhecimento ao trabalho que há anos realiza junto às crianças do Engenho Velho de Brotas e adjacências, bem como, enquanto fonte oral, junto aos pesquisadores de diversas áreas do conhecimento acadêmico. Apresentando senioridade cronológica e iniciática, é hoje respeitada como uma Ìyá Àgbà, legitimando-se em tempos atuais como uma fonte de memória viva do Candomblé baiano de nação Kétu e, por conseguinte, uma porta-voz dos ancestrais entre nós. Expoente da oralidade, método por excelência da transmissão do saber no âmbito das comunidades afro-religiosas. Por isso, toma-se o Candomblé baiano de nação Kétu como palco para estruturar a Tese, por se tratar do campo do qual emergem os princípios que sustentam as identidades da Ìyá Àgbà Cici de Òṣàlá. Essa estrutura observou o elenco de àwọn òriṣà, aos quais a interlocutora se vincula espiritualmente: Èṣù, Ògún, Ọ̀ṣùn, Iyèwá e Òṣàlá, atrelando-se aos mesmos os conceitos aqui acionados: identidade, oralidade, performance, oralitura e ancestralidade, respectivamente. Foram selecionados relatos de vida da interlocutora desde a infância que lhe identificam marcos da memória, humanos e espaciais, os quais contribuiriam para o arcabouço memorial que apresenta hoje acerca do Candomblé, que a acompanham desde antes da iniciação religiosa. Cultiva o gosto pela leitura, assegurando eloquência à fala e evidenciando que oralidade e escrita são bem compatíveis. A interlocutora da pesquisa se desempenha bem nas mídias sociais contemporâneas, em especial no Instagram, aí contando, em 01/10/2023, 109 mil seguidores – religiosos, oriundos do Candomblé e das mais diversas denominações, inclusive evangélicos. O êxito em mídias sociais se atribui à capacidade performativa demonstrada por Cici de Òṣàlá, cuja credibilidade, no entanto, advém da história que construiu. No Candomblé baiano, é reconhecida pelo comprometimento e comportamento demonstrados em relação à religião e ao òriṣà que a rege. Assim, Ẹ́lẹ́dá e elégùn se confundem num corpo negro, feminino e ancião, atributos valorizados por serem expressão da ancestralidade enquanto princípio sobre o qual se sustenta a identidade afro-religiosa.