Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2020 |
Autor(a) principal: |
Silva, Elias Bonfim da |
Orientador(a): |
Ramacciotti, Dante Eustachio Lucchesi |
Banca de defesa: |
Araújo, Silvana Silva de Farias,
Silva, Maria Cristina Vieira de Figueiredo |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Instituto de Letras da Universidade Federal da Bahia
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Programa de Pós-Graduação: |
Programa de Pós-Graduação em Língua e Cultura
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Brasil
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Palavras-chave em Português: |
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Área do conhecimento CNPq: |
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Link de acesso: |
http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/34225
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Resumo: |
Esta dissertação analisou a variação das orações relativas no português popular do interior do estado da Bahia, com base no aporte teórico da Sociolinguística Variacionista (LABOV, 2008), além da hipótese da transmissão linguística irregular (BAXTER; LUCCHESI, 2009), da hipótese da polarização sociolinguística do português brasileiro (LUCCHESI, 2015a) e da proposta da Hierarquia da Acessibilidade (KEENAM; COMRIE, 1977). A metodologia deste trabalho, que também se encontra na Sociolinguística Variacionista (LABOV, 2008), consiste em uma análise do fenômeno em questão numa amostra de fala vernácula colhida nos municípios de Poções-Ba e Santo Antônio de Jesus-Ba, com falantes de pouca ou nenhuma escolaridade, representando o chamado português popular do interior do estado da Bahia. Foram analisadas 48 entrevistas de caráter sociolinguístico, realizadas nos municípios referidos, divididas entre a sede e a zona rural dessas cidades, de acordo com a proposta do Projeto Vertentes, em cujo âmbito este trabalho foi realizado. O fenômeno linguístico variável analisado nesta pesquisa consiste no uso de uma das três estratégias de relativização consagradas na literatura linguística (a estratégia padrão, a estratégia cortadora e a estratégia resumptiva), com o acréscimo da chamada relativa neutra. A hipótese inicial é que o contato entre línguas ocorrido na sócio-história do português brasileiro (PB) causou uma simplificação morfológica que, no que diz respeito à relativização, favoreceu o predomínio da estratégia cortadora, baseando-se no estudo de Ribeiro (2009). Além disso, pretende-se observar se há uma diferença entre o português popular do interior do estado da Bahia e o português afro-brasileiro, estudado por Lucchesi (2015c), em relação ao uso de relativas preposicionadas, o que pode revelar mais um efeito do contato entre línguas na configuração atual do PB e o continnum de nivelamento linguístico que atenuou a polarização sociolinguística nas comunidades mais próximas dos centros urbanos. Após o levantamento e codificação das ocorrências de orações relativas no corpus analisado, percebeu-se que a estratégia cortadora predomina no português popular do interior do estado da Bahia. A estratégia padrão ocorre apenas com o pronome relativo “onde”, mesmo assim, com uma baixa frequência. Os dados mostram que orações relativas com preposição não fazem parte mais da gramática da variedade analisada. Com exceção do “onde”, as relativas são iniciadas com o relativizador neutro “que”, como resultado da simplificação morfológica ocorrida na sócio-história do PB. A estratégia resumptiva também tem uma baixa ocorrência e é favorecida por variáveis linguísticas, como a oração relativa explicativa, o antecedente [+humano], o antecedente definido e a preposição lexical. A análise das variáveis sociais revelou uma variação estável nas comunidades analisadas, em relação às estratégias de relativização. Ocorreu variação estável também com a oposição entre relativas ligadas a posições preposicionadas e relativas ligadas às funções sintáticas de sujeito e objeto direto. Entretanto, a comparação entre o português afro-brasileiro e o português popular do interior mostrou um aumento de relativas encaixadas neste último, confirmando o continuum de nivelamento linguístico que opõe comunidades mais isoladas das menos isoladas. Esse nivelamento, além de suavizar a polarização sociolinguística do PB, diferenciando-se assim as comunidades mais isoladas daquelas mais influenciadas pelos padrões linguísticos urbanos, atenuou as marcas mais drásticas da transmissão linguística irregular (LUCCHESI, 2015b). |