Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2024 |
Autor(a) principal: |
Tupinambá, Khalla
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Orientador(a): |
Tavares, Fátima
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Banca de defesa: |
Brussio, Josenildo Campos
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Alves, Maria Lúcia Bastos
,
Bassi, Francesca Maria Nicoletta
,
Pinto, Roque
,
Tavares, Fátima
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Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal da Bahia
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Programa de Pós-Graduação: |
Programa de Pós-Graduação em Antropologia (PPGA)
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Departamento: |
Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (FFCH)
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País: |
Brasil
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Palavras-chave em Português: |
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Área do conhecimento CNPq: |
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Link de acesso: |
https://repositorio.ufba.br/handle/ri/40275
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Resumo: |
Esta tese é sobre os erveiros do Ver-o-Peso, de Belém do Pará, que dominam a medicina natural, na tradição da biointeração das ervas amazônicas, no agenciamento dos seus guias de cura. Nas incursões em campo foi possível perceber que os erveiros vivem na mediação de agências que afetam o seu cotidiano de forma direta. A primeira é a imagem midiática exótica e “autêntica” deles e seus produtos, que atrai uma demanda turística ávida por encontrar, nos erveiros e seus produtos, essa imagem palatável ao capitalismo. A segunda é o discurso patrimonial hegemônico, que emerge em decorrência do aparelhamento dos Órgãos regionais de patrimônio e turismo. Esse discurso hegemônico opera na percepção dos turistas que visitam os erveiros, que não os enxergam como parte do patrimônio no Mercado, ou seja, percebem somente a projeção do discurso patrimonial oficial do Ver-o-Peso, enquanto “Cartão Postal da Belle Époque”. Esta tese buscou compreender o ofício dos erveiros por meio de suas narrativas, vivências e na prática da medicina natural ancestral, compreendidas como formas de resistência ao discurso patrimonial hegemônico, que desconsidera o valor do saber das ervas enquanto alteridade local. Para desvelar esses mecanismos de resistência a pesquisa investigou a medicina natural dos erveiros, percorrendo suas narrativas no processo de ocupação do Ver-o-Peso, rastreando quatro redes ancestrais de erveiros que estabelecem laços de consideração e vicinalidade ao longo de cinco gerações. O processo investigativo dessa tese deu-se pelo método etnográfico, norteado pelo viés latouriano, em que o significado endógeno do ofício dos erveiros, bem como os dilemas enfrentados por eles no Ver-o-Peso foram sendo rastreados pelas conexões entre os atores humanos e não humanos das ervas. A pesquisa trouxe como principal contribuição a proposta do “patrimônio vivido”, consubstanciada na percepção dos erveiros sobre o patrimônio no Ver-o-Peso como uma categoria múltipla, que borra as fornteiras do material e imaterial, se diferenciado da perspectiva da ordem discursiva hegemônica. Assim, espera-se contribuir com a linha de pesquisa do patrimônio de cunho antropológico, que vem lutando para colocar os “outros”, enquanto a alteridade no centro dos debates em torno do patrimônio, e não, como mero objeto de patrimonialização. |