Territórios pluriétnicos em construção: a proximidade, a poiesis e a praxis dos indígenas em Manaus

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Santos, Glademir Sales dos
Outros Autores: http://lattes.cnpq.br/2366524049601204
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Amazonas
Instituto de Ciências Humanas e Letras
Brasil
UFAM
Programa de Pós-graduação em Sociedade e Cultura na Amazônia
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://tede.ufam.edu.br/handle/tede/5824
Resumo: O objetivo da tese é analisar os territórios pluriétnicos em construção, a partir dos atos de fala dos indígenas, situados em contextos específicos. A pesquisa de campo consiste na sistematização dos atos de fala, a partir das entrevistas, registradas durante e após as atividades cartográficas, constituindo um discurso étnico e político, a partir do qual são definidos aspectos que caracterizam a relação etnicidade e Estado. As locuções se referem ao contexto de conflito fundiário que implica resistência para permanecer nos espaços físicos objetivados por critérios étnicos, que constituem organização pluriétnica. A pesquisa prioriza as elocuções das lideranças das aldeias Kuanã, (Rio Cuieiras, no Baixo Rio Negro), Yupirunga, Santa Maria, Parque das Tribos e Associação Comunidade Nações Unidas (bairro Tarumã), zona oeste de Manaus, e Assentamento Povo Indígena do Sol Nascente, na zona norte de Manaus. A pesquisa demonstra que as organizações referidas têm considerado o atual momento um tempo de luta pelo espaço físico, delimitado para moradia e uso comum da terra. Assim, identifica-se que, frente ao contexto de um sistema fundiário de ordem empresarial e voltado para famílias e indivíduos atomizados, as relações de forças econômicas interagem na forma de relação político-jurídica, que funciona como dispositivo pragmático e utilitarista, cujo efeito promove a dissociação das organizações indígenas e de seus valores criados em torno dos recursos naturais, ou mantendo-as na invisibilidade social, controlada por uma dinâmica de inclusão-exclusão, de acordo com os interesses definidos nos dispositivos políticos. A pesquisa mostra, por fim, a emergência dos atos do discurso na oposição a este estado e apresenta uma praxis afirmativa das autodefinições dos indígenas, explicitadas nas formas de vida coletiva, entre as quais sobressaem os territórios pluriétnicos. Ao trazer para este contexto a filosofia social, a pesquisa explica este processo a partir do travejamento das categorias proxemia, proximidade, poiesis e praxis, cunhadas do pensamento filosófico latino-americano, que empiricamente explicam a constituição da força do étnico na praxis dos indígenas no contexto citadino, que brota das trajetórias, e que atualizam a vigência das formas de resistência pelo direito à vida na cidade. Este direito passa a ser parte da luta pelo reconhecimento, discurso apropriado pelos agentes, cujas vidas historicamente foram negadas pela modernidade, estigmatizadas, excluídas das dimensões econômica, cultural e política, e que passaram a explicitar interpelativamente tais condições nos seus atos de fala.