A Companhia de Aprendizes Marinheiros do Pará: recrutamento, cotidiano e deserção – segunda metade do século XIX

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Silva, Valdiron Bastos da
Outros Autores: http://lattes.cnpq.br/1516082643124810, https://orcid.org/0000-0002-2075-9546
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Amazonas
Instituto de Ciências Humanas e Letras
Brasil
UFAM
Programa de Pós-graduação em História
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://tede.ufam.edu.br/handle/tede/8325
Resumo: A Companhia de Aprendizes Marinheiros do Pará, criada pelo Decreto-lei nº 1.517 de 1855, surgiu a partir de uma política de estado de abrangência nacional, que, entre 1840 e 1874, implantou 18 Companhias de Aprendizes Marinheiros por todo o Império. Seu objetivo era levar indivíduos preparados – desde a infância – às fileiras da armada nacional para realizar um trabalho que atendesse ao avanço tecnológico que a indústria naval vinha presenciando a partir da segunda metade do século XIX. Além disso, também teria um papel social, isto é, retiraria os filhos das camadas pobres dos “vícios” e da “criminalidade” que estavam sujeitos e, paralelamente, funcionariam como um mecanismo de substituição ao sistema de recrutamento forçado responsável por levar a bordo dos vasos de guerra da marinha elementos avessos à vida naval. No entanto, podemos perceber que o discurso político que envolve a criação da Companhia de Aprendizes Marinheiros, na prática, desdobrou-se em uma política de criminalização da “prole” dos pobres e de cor, no Império, bem como a uma extensão do sistema de recrutamento forçado para esta parcela da população. Empurraria para dentro da Companhia de Marinheiros do Pará centenas de crianças e jovens que vivenciaram experiências traumáticas nas dependências do Arsenal de Marinha ou nos navios-escola da Companhia. Experiências marcadas pela constante vigilância. Além disso, passaram pelo controle de tempo e do espaço, pela exploração da força de trabalho, por doenças, castigos corporais e mortes. Nesse sentido, esta pesquisa demonstra que os menores aprendizes marinheiros foram capazes de reagir ao ambiente de repressão imposto pelo Estado, principalmente, pela prática da deserção com a finalidade de voltarem a fazer suas escolhas a partir das experiências sociais construídas fora das dependências do Arsenal de Marinha do Pará. Ou seja, voltariam a viver livremente suas vidas baseadas em formas tradicionais de trabalho a partir de hábitos comuns ao cotidiano da população amazônica nos oitocentos.