O artista-andarilho da Amazônia e o florejar de sua práxis-poiesis na festa popular

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Holanda, Yomarley Lopes
Outros Autores: http://lattes.cnpq.br/2565605620250789
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Amazonas
Instituto de Filosofia, Ciências Humanas e Sociais
Brasil
UFAM
Programa de Pós-graduação em Sociedade e Cultura na Amazônia
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://tede.ufam.edu.br/handle/tede/7413
Resumo: Este estudo realiza uma abordagem investigativa sobre a práxis-poiesis da atividade artística na Amazônia, no âmbito da cultura popular, assinalando a invisibilidade deste tipo de trabalho no seio da ciência. Trata-se de uma abordagem tecida com os fios da interdisciplinaridade, sob a inspiração da dialógica moriniana, em franca conversação com a Filosofia, a Sociologia, a Antropologia e as Artes, além das vozes de campo, dos documentos literários, das vivências e da observação in loco. O epicentro da pesquisa é a cidade de Fonte Boa, localizada no interior do Amazonas, seus barracões e ateliês onde se produz a tradicional festa dos boisbumbás. São nestes espaços criativos que os artistas-andarilhos, todos autodidatas, se encontram anualmente para tecer, durante meses, uma narrativa visual sobre a Amazônia por intermédio de sua arte, constituindo-se também em sujeitos num processo autopoiético. A metodologia, ancorada numa perspectiva rizomática de conhecimento, concentrou-se em narrativas dos artistas colhidas no âmbito da criação da festa fonteboense, acrescidas de fontes secundárias cotejadas com fotografias, poemas e canções, concernentes à temática em estudo. Os principais resultados revelam que o artista popular vive numa crise de pertencimento num tempo em que as antigas certezas perderam força, ele é um mediador cultural que faz rizoma, o que o faz abrir mão de quaisquer tipos de segurança, inclusive jurídica. A práxis-poiesis do artista-andarilho da Amazônia emerge conceitualmente como uma antiperipécia, já que se afasta da clássica divisão grega entre práxis e poiesis. A pesquisa mostra que a poiesis do artista amazônico penetrou na essência da técnica, metamorfoseando-a, transcendendo o próprio artista que desterritorializa o conceito e, por conseguinte, se realiza almaticamente. A sua sensibilidade lhe permite dar vida ao imaginário amazônico, de sua arte abrolham seres fantásticos, animais híbridos, encantarias que só habitavam as narrativas dos povos tradicionais. Por fim, deve-se reconhecer, que em sua subjetividade que comunga mitos e tece redes relacionais, o artista-andarilho da Amazônia se faz mágico, médium, pajé! Reconhecido ou não pela sociedade, às vezes admirado, noutras rejeitado, este nômade da floresta e das águas segue adiante como um jogador sempre pronto para uma nova partida.