Para além do Mental Health Gap: um olhar ampliado sobre as lacunas locais de cuidado em saúde mental na atenção primária
Ano de defesa: | 2021 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Tese |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro Biomédico::Instituto de Medicina Social Hesio Cordeiro Brasil UERJ Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/23665 |
Resumo: | Introdução: A saúde mental global tem como objetivo ampliar o acesso ao cuidado aos transtornos mentais em termos globais, tendo no “Mental Health Gap” um dos seus argumentos primários e na integração da saúde mental na atenção primária sua principal estratégia. A ampliação do acesso e a qualificação do cuidado em saúde mental aos Transtornos Mentais Comuns no contexto local é fundamental para a redução efetiva da lacuna global de cuidado em saúde mental. Objetivos: A presente pesquisa explora do ponto de vista quantitativo e qualitativo as lacunas locais no cuidado aos Transtornos Mentais Comuns Métodos: Em sua dimensão quantitativa, a tese retoma parte dos resultados apresentados na dissertação de mestrado em epidemiologia, apresentando, no formato de artigo, a lacuna de tratamento farmacológico dos Transtornos Mentais Comuns em unidades de atenção primária. Em sua dimensão qualitativa, investiga a complexidade das lacunas que envolvem o cuidado desta clientela através de uma perspectiva ampliada do cuidado em saúde mental. O braço qualitativo divide-se em duas partes. A primeira, no formato de artigo, apresenta uma meta-síntese de estudos qualitativos sobre as práticas de saúde mental na atenção primária, abarcando a percepção das lacunas de cuidado pelos profissionais de saúde e pelos próprios usuários dos serviços, tal como das principais barreiras locais ao cuidado adequado em saúde mental neste cenário, para investigar a qualidade do cuidado do ponto de vista ampliado. A segunda, no formato de relato autoetnográfico, aprofunda a investigação no cuidado aos Transtornos Mentais Comum, apresentando a percepção da pesquisadora, enquanto profissional de saúde mental atuando há dez anos na interface com a atenção básica, das lacunas de tratamento em saúde mental. A pesquisa como um todo desenvolve um diálogo constante com literatura em Saúde Mental Global e com o conceito “Mental Health Gap”, apresentando uma reflexão entre o global e o local. Resultados Os resultados dimensão quantitativa apontam para importante magnitude da lacuna de tratamento dos Transtornos Mentais Comuns no contexto da atenção primária, com menos de 20% das usuárias de unidades de saúde da família com Transtorno Mental Comum de intensidade grave (TMC-G) em tratamento farmacológico. O perfil heterogêneo na distribuição do uso de antidepressivos e benzodiazepínicos entre as unidades de saúde da família de diferentes cidades sugere diferenças na qualidade do cuidado aos Transtornos Mentais Comuns em diferentes regiões brasileira. Os resultados da dimensão qualitativa apontam para as lacunas no cuidado em saúde mental no contexto da atenção primária para além do tratamento farmacológico, revelando lacunas importantes no que tange a integralidade, a interdisciplinaridade e a longitudinalidade do cuidado, fundamentais para a construção do cuidado ampliado em saúde mental. Os estudos revelam o predomínio de práticas de cuidado ainda centradas no modelo biomédico, nos atendimentos individuais e nas intervenções farmacológicas, distanciadas de suas raízes psicossocias. Fatores contextuais locais, como a sobrecarga dos profissionais de saúde, condições precárias de trabalho e a alta rotatividade profissional, comprometem a longitudinalidade do cuidado, dificultando o desenvolvimento de intervenções psicossociais e precarizando o vínculo com os usuários. A pressão crescente pelo atendimento à demanda espontânea aproxima o processo de trabalho das unidades das estratégias de saúde da família de um modelo de atendimento voltado para as urgências, favorecendo a fragmentação e precarização do cuidado. Adversidade social e estigma destacaram-se entre as barreiras ao cuidado longitudinal. Conclusão: Os trabalhos apontam para a magnitude e complexidade da lacuna de cuidados em saúde mental no contexto da atenção primária, revelando a importância dos fatores locais para a efetivação de estratégias da globais para a redução da lacuna de cuidado em saúde mental. |