Luto gestacional e neonatal: emergência de uma nova problemática

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Figueira, Celina Moreira Mesquita Mercio
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro Biomédico::Instituto de Medicina Social Hesio Cordeiro
Brasil
UERJ
Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/18398
Resumo: Esta dissertação investiga a construção dos fenômenos da morte e do luto gestacional e neonatal como problemática social e experiência de saúde na contemporaneidade. A medicina e os avanços tecnológicos têm promovido transformações relativas aos valores acerca da reprodução e do nascituro/recém-nascido. A redução das taxas de mortalidade alcançadas pela medicina a partir da metade do séc. XX oblitera o tema dos possíveis desenlaces fatais das gestações. Qualificados como “bebês”, conceptos encarnam projetos de família e, por conseguinte, podem adquirir para o par parental o estatuto de pessoa, ainda que sua vida não tenha vingado. Diante do óbito prematuro (seja na gestação ou no pós-parto), observa-se o desinvestimento médico e dos serviços de saúde: as mulheres acometidas padecem de invisibilidade e ausência de cuidado. Este trabalho consiste, de um lado, na abordagem etnográfica documental dos Descritores em Ciências da Saúde (DeCS/MeSH) com o objetivo de delinear valores e normas de conduta biomédicos relacionados à assistência reprodutiva e à do recém-nascido. O conjunto de classificações biomédicas é permeado por moralidades distintas que concedem ora a condição de resto fetal, ora o estatuto de pessoa, paciente e cidadão. De outro lado, dada a escassez de literatura brasileira, foram analisadas produções feministas/acadêmicas norte-americanas e francesas acerca da crescente visibilização do fenômeno do luto gestacional e neonatal (LGNN). Em resposta ao vácuo social do par parental cujo filho não sobreviveu, profissionais e acadêmicas engajam-se na ressignificação dos projetos de maternidade (e paternidade) interrompidos. São discursos e práticas calcados em críticas à episteme e hierarquia médicas. O entrelaçamento entre afetação e saber especializado oferece visibilidade e inserção coletiva às trajetórias femininas atravessadas pela morte prematura de filhos; o ideário do luto GNN concede novos sentidos à procriação, ao corpo feminino e à pessoa do nascituro/recém-nascido.