Entre a sociologia e a literatura: Simón Bolívar e a independência em O general em seu labirinto
Ano de defesa: | 2016 |
---|---|
Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Dissertação |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro de Ciências Sociais::Instituto de Estudos Sociais e Políticos BR UERJ Programa de Pós-Graduação em Sociologia |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
|
Departamento: |
Não Informado pela instituição
|
País: |
Não Informado pela instituição
|
Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/15529 |
Resumo: | Publicado em 1989, o romance O general em seu labirinto, do escritor Gabriel García Márquez, narra a última viagem de Simón Bolívar rumo ao exílio na Europa. Conhecido por sua atuação de destaque nas lutas da independência de várias colônias espanholas na América do Sul e pelo ideal de integração dessas regiões, o venezuelano é o protagonista da obra. A construção da personagem soma-se a inúmeras outras que resultaram do contínuo processo de elaboração que a figura de Bolívar sofreu ao longo da história, alimentando visões sobre o passado, o presente e o futuro da sociedade, bem como sobre os caminhos para a transformação social. A proposta dessa pesquisa consiste em elucidar o olhar que, nesse sentido, é projetado pelo referido romance e inseri-lo em tal processo. Para isso três eixos de discussão são contemplados: (1) a interface entre a literatura e as ciências sociais no contexto específico da América Latina; (2) a matéria histórica trabalhada, apontando como ela foi tratada pela historiografia, a sociologia e, até mesmo, como é vista pela sociedade de um modo mais amplo; (3) a análise do romance propriamente dita. Em primeiro lugar, observa-se a relação com o panorama social, cultural e literário da época; em segundo lugar, como o autor lida com as fontes históricas documentais para a elaboração da obra e, por fim, a análise dos vários elementos que compõem o universo ficcional e que incidem na caracterização de Bolívar. Cada um desses eixos revela diferentes facetas. Devido às condições específicas para a consolidação dos campos literário e sociológico no subcontinente, estes se interpenetraram de modo que a escrita literária serviu de veículo para a produção sociológica, assim como a literatura se configurou como um espaço de reflexões sociais. Isso deixou marcas em ambos os lados, indicando o quão profícuo é o diálogo entre eles. No romance em foco esse diálogo mostra-se ainda mais estreito por tratar de elementos históricos icônicos, apropriados por diferentes ideários políticos e alvo de reverências que chegam ao ponto de articular um culto. Eles revelam-se, além disso, profundamente ambíguos, já que ora são símbolos revolucionários e ora símbolos conservadores. Diante dessas configurações prévias, o romance mescla invenções com dados históricos para elaborar um quadro de rejeição, derrota, fraqueza e desilusão que, no entanto, apresenta pequenas fissuras nas quais o personagem ressurge magicamente como um homem forte, determinado e sonhador. Produz-se com isso uma constante dialética entre o corpo e o espírito, a glória e a ruína, a aclamação e o repúdio. Portanto, mais do que promover uma desmistificação do herói ou, ao contrário, endossar o seu culto, a obra coloca em tensão esses dois procedimentos, fazendo daí florescer uma percepção questionadora da história e da sociedade e que ao mesmo tempo reaviva antigos ideários políticos. |