Exposição a violência entre parceiros íntimos e alimentação inadequada na infância
Ano de defesa: | 2020 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Dissertação |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro Biomédico::Instituto de Nutrição Brasil UERJ Programa de Pós-Graduação em Alimentação, Nutrição e Saúde |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/21598 |
Resumo: | O consumo de alimentos saudáveis deve ser estimulado desde os primeiros anos de vida, pois uma alimentação adequada e variada na infância além de auxiliar no crescimento saudável da criança, pode influenciar na formação do paladar e na relação da criança com a alimentação. Diretrizes alimentares recomendam que alimentos in natura ou minimamente processados, variados e predominantemente de origem vegetal sejam a base da alimentação infantil e, que o consumo de alimentos ultraprocessados (AUP) seja evitado. Os conhecimentos gerados sobre os fatores associados as práticas de alimentação infantil são complexos e envolvem aspectos biopsicossociais, dentre eles a violência entre parceiros íntimos.A violência entre parceiros íntimos é um problema recorrente e global, que além das consequências imediatas, pode resultar em desfechos negativos à saúde ao longo da vida da vítima. Casais que vivenciam a violência também podem ter suas habilidades em lidar com as necessidades dos filhos comprometidas, incluindo os cuidados com a alimentação, resultando em uma alimentação inadequada para idade. O presente estudo tem como objetivo central investigar a associação entre exposição infantil à VPI e alimentação inadequada em crianças de 3 a 5 anos atendidas em uma clínica da família. Os dados que foram analisados são provenientes de um estudo seccional mais abrangente realizado com crianças atendidas em uma Clínica de Saúde da Família no Rio de Janeiro. Neste trabalho, a alimentação das crianças foi aferida por meio de um questionário estruturado, que continha diferentes tipos de alimentos, desde alimentos in natura de diferentes grupos até AUP. A diversidade alimentar foi avaliada com base na proposta da Organização Mundial de Saúde e classificada em diversidade satisfatória (≥ 4 grupos alimentares) e insatisfatória (< 4 grupos alimentares) e o consumo de AUP foi classificado como alto quando foi ≥ 5 AUP. A violência entre parceiros foi investigada por meio da versão em português do instrumento Conflict Tactics Scales – 2. Outras variáveis relacionadas à mãe, à criança e ao ambiente em que vivem também foram incluídas nas análises como possíveis confundidoras. Os resultados do presente estudo mostram que a prevalência de violência psicológica nos relacionamentos é alta, cerca de 80% das mulheres relataram ter vivido pelo menos um episódio dessa violência no último ano. Já a taxa de violência física entre casais foi de quase 25%. Em relação a alimentação infantil, os resultados mostram que quase a totalidade das crianças (96,7%) apresentou uma diversidade alimentar satisfatória, no entanto, 44,5% delas apresentou um elevado consumo de AUP. A violência psicológica entre o casal aumentou em mais de três vezes as chances de um elevado consumo de AUP pela criança (OR= 3,852; IC95% = 0,986-15,050; p=0,052). Esses resultados evidenciam uma associação positiva entre violência conjugal e consumo de AUP na infância. Estudos futuros são necessários para elucidar a relação entre a violência e a alimentação infantil. Compreender essa relação é de suma importância para proposição de políticas públicas de saúde que levem em consideração não só a alimentação e crescimento infantil, mas também diferentes aspectos do contexto familiar, entre eles a presença da violência em suas vidas. |