A primavera nos dentes, a manhã desejada: ecos e ressonâncias das ocupações dos secundaristas no Brasil

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Costa, Lilian Michelle Giovanelli da Costa
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro de Educação e Humanidades
Brasil
UERJ
Programa de Pós-Graduação em Políticas Públicas e Formação Humana
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/22980
Resumo: Entre os anos de 2015 e 2016, os estudantes secundaristas realizaram um dos movimentos políticos mais insurgentes dos últimos tempos no Brasil: as ocupações das escolas públicas. Motivadas por várias razões, elas foram marcadas principalmente pelo ineditismo da autogestão dos estudantes, pelo discurso de recusa à filiação partidária e pelo desafio imposto às autoridades públicas. Inscritas numa década de efervescência política do cenário nacional (despertada pelas manifestações de junho de 2013), as ocupações começaram em São Paulo e depois se espalharam por vários outros estados, com destaque para Rio de Janeiro e Paraná. A visibilidade do movimento, inicialmente localizada nas mídias alternativas, ganhou forte repercussão nas mídias hegemônicas provocando a opinião pública e as disputas narrativas sobre ele. Esta tese analisa o movimento a partir das reflexões sobre experiência propostas pelo educador espanhol Jorge Larrosa. Assumindo a experiência como linha mestra, a tese orbita em torno de algumas perguntas sobre as ocupações: o que ficou, em quem ficou e como ficou, aproximando estes efeitos e afetos às ideias de ecos e ressonâncias. Partindo dessa proposta, as ocupações são pensadas como uma experiência de múltiplas camadas constituídas e constituintes das vidas das pessoas atravessadas por elas: estudantes, professores, ativistas, artistas e a própria pesquisadora. Além disso, pelo espaço que o movimento conquistou dentro e fora dos meios acadêmicos, é possível examiná-lo em diálogo com a sociedade. Assim, ele foi desdobrado em diferentes perspectivas: reflexões sobre a política em seu entendimento formal (movimentos coletivos, partidos e eleições) e também os aspectos políticos da influência das redes sociais, dos usos do espaço e da relação com o tempo na sociedade capitalista, incluindo nisso as profundas conexões com estética, subjetividade, arte e vida. A análise tem os estudos culturais como orientação investigativa e é feita com o suporte de referências teóricas interdisciplinares, observação participante, entrevistas, registros no audiovisual, nas artes cênicas e na mídia em geral (jornais, revistas, redes sociais). O recorte espaço-temporal da pesquisa está situado entre uma ocupação acompanhada pela autora na cidade do Rio de Janeiro em 2016, expressa na dissertação que antecede esta tese (COSTA, 2017), e amplifica o olhar para as ocupações enquanto um movimento extenso e plural com afinidades e diferenças observadas especialmente nas ocupações de São Paulo e do Paraná. O fluxo narrativo utilizado no texto propõe debates teóricos e analíticos seguindo o tom de uma conversa com a intenção de convidar o maior número possível de interlocutores, transitando entre leitores habituados aos textos acadêmicos do ensino superior até um estudante secundarista do ensino básico. Esta escolha atende o desejo e o compromisso de acessibilidade da discussão para um público amplo. Esta tese recusa o rótulo do resultado, no sentido produtivista do termo. Sua contribuição, alinhada a outras pesquisas sobre o tema, está em apontar algumas percepções de efeitos e afetos, apresentando implicações materiais e subjetivas de diferentes intensidades. E conclui que a impossibilidade de captura do movimento, devida a sua singularidade, é justamente sua condição de continuidade enquanto experiência: ecos e ressonâncias ainda em curso.