Tecnificação de vida: uma discussão sobre o fenômeno da medicalização na sociedade contemporânea

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2010
Autor(a) principal: Dantas, Jurema Barros
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro de Educação e Humanidades::Instituto de Psicologia
BR
UERJ
Programa de Pós-Graduação em Psicologia Social
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/15205
Resumo: A medicalização da sociedade é um fenômeno que tem sido sinalizado por vários autores desde o século XIX, quando o saber científico se espalhava pelos vários domínios sociais. Mas foi a partir da década de 1940, com a introdução dos psicofármacos, que este fenômeno tornou-se cada vez mais intrusivo na vida cotidiana. A discussão que se pretende aqui diz respeito ao processo de medicalização da existência que vem se constituindo na nossa contemporaneidade, tomando como base analisadora uma fenomenologia dos discursos desta medicalização na forma de tecnificação do viver cotidiano. Ao pensar a relação entre medicamento e tecnologia queremos problematizar o aprisionamento quase total da vida nas malhas de uma lógica técnica que pretende entender a existência humana por princípios deterministas. Queremos debater de que forma este discurso tem alcançado tamanha evidência e repercussão na sociedade contemporânea e estabelecido padrões de comportamento em relação ao uso indiscriminado de psicofármacos. Entender a relação entre medicamentos e tecnologia nos parece possível e, sobretudo, necessário tendo em vista que toda a atividade humana parece estar afinada por um único diapasão totalitário: a razão tecnológica. Percebemos que o homem moderno parece estabelecer com a técnica uma relação instrumental e utilitária em busca não apenas de um viver satisfatório, mas, essencialmente, de uma solução para quase todos os seus problemas. Há, portanto, a implicação de uma prática social, que por meio de todo um aparato tecnológico, tem transformado a vida cotidiana num problema médico-farmacológico e é esta prática que pretendemos compreender. Privilegiaremos em nossa pesquisa a investigação fenomenológica por acreditarmos que a mesma propõe-se a identificar estruturas significativas, a partir da vivência cotidiana. Esta vivência cotidiana foi investigada através do discurso expresso em entrevistas realizadas com usuários dos Serviços de Psicologia Aplicada na cidade do Rio de Janeiro através das instituições de ensino superior. Procuraremos elucidar o quanto esse modo de pensar técnico atravessa o viver contemporâneo, transformando situações, antes consideradas naturais de serem enfrentadas durante a vida, em episódios que merecem ser tratados e solucionados por um conjunto de saberes ávidos em responder os dilemas do existir humano