Entre o registro e a denúncia: práticas nos CAPS durante a pandemia de COVID-19

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Machado, Elena de Souza
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro Biomédico::Instituto de Medicina Social Hesio Cordeiro
Brasil
UERJ
Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/21526
Resumo: A pandemia colocou em questão a lógica da atenção psicossocial, que tem em seu cerne a proximidade e o contato presencial. O distanciamento social se tornou uma realidade imposta, com efeito direto na manutenção dos vínculos terapêuticos e no acesso aos cuidados necessários. O medo do contágio pelo coronavírus, aliado à dificuldade de acesso aos transportes públicos e a premissa do distanciamento reduziram o contato dos usuários com os serviços de saúde, que passavam por um processo de readequação e reestruturação para atender aos desafios impostos pela nova realidade sanitária. Este trabalho investigou as práticas de cuidado desenvolvidas nos CAPS durante o período da pandemia da COVID-19 a partir de relatos de experiência produzidos entre 2020 e 2022, de forma a acessar, reunir e sistematizar os registros disponíveis em periódicos online neste formato; identificar se as recomendações de isolamento domiciliar e distanciamento social aparecem como obstáculo ao exercício do cuidado em liberdade no território e verificar quais estratégias de vinculação dos usuários ao serviço são acionadas pelos CAPS. Os relatos foram coletados a partir da pesquisa em diferentes bancos de dados. A amostra inicial contemplou 415 trabalhos que posteriormente foram reduzidos a 23. Os critérios de inclusão para a pesquisa abrangem estudos do tipo relato de experiência de 2020 a 2022 e que abordem questões relacionadas aos CAPS. Foram excluídos estudos anteriores a 2020 ou posteriores a 2022, resumos ou descrições que não continham informações suficientes para análise e textos que não tenham a pandemia de COVID-19 ou CAPS como questão central. As orientações sanitárias da OMS destacam a importância do distanciamento físico, não social. No que se refere ao efeito específico dessa recomendação na rotina dos CAPS, observa-se que algumas atividades presenciais foram interrompidas, enquanto outras foram mantidas. As práticas envolveram promoção, prevenção e recuperação da saúde mental, apontando para formas de cuidado de modo remoto, que ao mesmo tempo visam prevenir agravos e doenças e proteger os usuários durante a crise sanitária. Além disso, essas práticas de cuidado podem ser consideradas tecnologias leve-duras, já que apontam para saberes que indicam a necessidade de manutenção dos vínculos para sustentar a relação terapêutica. Ao mesmo tempo, os relatos escancaram a negligência advinda da política negacionista do país diante da pandemia, com o fechamento de serviços, aumento da procura por leitos hospitalares e também o não fornecimento de equipamentos de proteção individual (EPIs). O modelo biomédico hospitalocêntrico se mostra insuficiente para enfrentar a crise em suas distintas esferas, evidenciando a importância de um sistema universal que articule tecnologias leves de cuidado num arranjo mais eficaz e construído a partir das demandas levantadas por usuários, grupos e demais atores da vida social no território. Conclui-se a importância das tecnologias leves e leve-duras no cuidado em saúde mental e a importância de uma resposta à pandemia articulada com os territórios e em relação.