Efeitos do discurso atual da ciência médica na demanda de análise das crianças

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Kirsch, Selma de Albuquerque Cavalcanti
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro de Educação e Humanidades::Instituto de Psicologia
Brasil
UERJ
Programa de Pós-Graduação em Psicanálise
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
DSM
Link de acesso: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/17059
Resumo: Esta dissertação tem como proposta abordar as contribuições da Psicanálise à clínica com crianças e as relações existentes entre os discursos hegemônicos atuais da ciência médica e o preocupante aumento da medicalização e patologização da infância e adolescência na atualidade. Discutimos inicialmente as contribuições que a Psicanálise traz para o tratamento com crianças, com destaque na questão de que o sofrimento psíquico não implica forçosamente haver doença. Verificamos que as diversas práticas existentes que promovem e sustentam a medicalização e patologização da infância são sustentadas por um cientificismo ideológico resultado da degradação da ciência ao se associar com o capitalismo. O atrelamento e a submissão da ciência médica ao capitalismo são comprovados pelos investimentos maciços realizados pela indústria farmacêutica ao financiar e promover campanhas públicas de designação de novas doenças, ditas “transtornos”, que na maioria das vezes não tem consistência alguma. A falta de validade e rigor científicos são claramente observadas nas últimas edições do DSM. Apesar do manual se colocar como ateórico, descritivo e não etiológico, ele se afina com as vertentes teóricas organicistas e comportamentais e se tornou uma referência para médicos, psicólogos e outros profissionais que trabalham com a saúde mental. As questões de ordem eminentemente subjetivas são tratadas pela psiquiatria biológica, neurociência e psicologia comportamental como um transtorno neurológico comportamental. A ampliação no número de doenças observadas no DSM-V revela que este manual promove também a fabricação de novos quadros e consequentemente novos psicofármacos, elevando enormemente a medicalização da vida.