O perfil de saúde dos migrantes venezuelanos no Brasil

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Ribeiro, Manuel Guilherme de Vooght de Castro
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro Biomédico::Instituto de Medicina Social Hesio Cordeiro
Brasil
UERJ
Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/21926
Resumo: A deterioração das condições econômicas, o contexto de crise política e a precariedade dos serviços de saúde explicam a saída de 6 milhões de venezuelanos. O fluxo de venezuelanos para países como Colômbia, Peru e Brasil é considerado o maior êxodo da história recente da região . Há a necessidade de estudos que avaliem o estado de saúde desta população que hoje é a principal comunidade estrangeira no Brasil. O objetivo deste trabalho foi descrever e analisar o estado geral de saúde, a utilização de serviços de saúde e a satisfação com a saúde por parte dos migrantes venezuelanos no Brasil. Trata-se de um estudo transversal descritivo-analítico, foi utilizado um questionário online, multidimensional de autopreenchimento em espanhol composto por três blocos: perfil sociodemográfico; trajetória migratória; e saúde autorreferida. Participaram venezuelanos a partir de 18 anos e residentes no Brasil. Amostragem foi por conveniência. A coleta de dados ocorreu entre outubro de 2020 e maio de 2021. 318 migrantes venezuelanos participaram do estudo, 65,09% (n=207) mulheres e 34,91% (n=111) homens, com idade média de 37 anos(± 10,5). A maior parte da população do estudo declarou-se “moreno(a)“ (52,83%), reside no Estado de Roraima (19,81%) e solicitou a residência temporária (34,74%). Declararam não estar satisfeitos ou insatisfeitos com sua saúde (37,74%) e não possuem doenças (70,75%). Uma pequena parte realizou algum tratamento médico (11,01%) e psicológico (3,14%). A maior parte não relatou deficiência física (95,91%) ou auditiva (95,96%) e quase um terço (28,30%) relatou possuir alguma deficiência visual. A presença de doenças está relacionada ao status migratório, ao estado civil, a idade e a presença de filhos. A utilização dos serviços de saúde é maior entre mulheres, entre aqueles que estão há mais tempo no país e entre aqueles que estão desempenhando atividade remunerada. A satisfação com a saúde diminui com a idade, mas aumenta conforme a renda. E é maior entre aqueles que não sofreram episódios de xenofobia. O domínio da língua portuguesa se mostra como um fator protetor e de satisfação com a saúde. A dificuldade de resposta pelos países de acolhida, seja pelas dificuldades de acesso ou pelo aumento da demanda de serviços ressalta a importância dos cuidados em saúde. Há predomínio de condições crônicas, porém é um quadro diverso que tange a saúde mental e sexual. É uma população economicamente ativa, que pouco procura os serviços de saúde. As condições crônicas negligenciadas pelo contexto econômico e social traz uma convergência de fatores ressaltando a importância da vigilância epidemiológica e de ações de prevenção. O contexto de crise, e de mobilidade destacam o caráter forçado da migração e expõe as dificuldades de lidar com populações em movimento, especialmente do ponto de vista da saúde. São necessárias ações coordenadas que visem a atenção e a promoção da saúde de modo a combater a pobreza, a desigualdade e a discriminação, garantindo o acolhimento, integração e o bem-estar desta população.