Qualidade de vida de migrantes venezuelanos vivendo no Brasil

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Farias, Iaralyz Fernandes
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro Biomédico::Instituto de Medicina Social Hesio Cordeiro
Brasil
UERJ
Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/18776
Resumo: A crise econômica, social e sanitária que vem acometendo a Venezuela tem ocasionado a maior migração forçada da história da América Latina. O Brasil tem sido um dos países de acolhimento dos venezuelanos. O objetivo deste estudo foi descrever e analisar o perfil sociodemográfico, migratório e a qualidade de vida de migrantes venezuelanos vivendo no Brasil. Trata-se de um estudo transversal com coleta de dados primários. A população elegível consistiu de indivíduos com 18 anos ou mais, de nacionalidade venezuelana e vivendo no Brasil, recrutados via curso de português promovido pela Cáritas Arquidiocesana do Rio de Janeiro em parceria com a Universidade do Estado do Rio de Janeiro, além de contatos com docentes vinculados às Cátedras Sérgio Vieira de Mello sediadas em outras universidades brasileiras, e por meio de divulgação em mídias sociais. Um questionário on-line para autopreenchimento foi composto por três blocos: perfil sociodemográfico; trajetória e situação migratória; e qualidade de vida (instrumento abreviado de avaliação da qualidade de vida, o WHOQOL-BREF). Foram estimadas as frequências absolutas e relativas das características sociodemográficas e de migração. Foram calculados as pontuações médias, os desvios padrão para o item extradomínio da qualidade de vida geral, quatro domínios da qualidade de vida e suas respectivas facetas, todos na escala 0 a 100. Quanto maiores tais pontuações médias, maior o indicativo de melhor qualidade de vida. Foram conduzidas regressões lineares múltiplas da qualidade de vida e seus domínios em relação às variáveis sociodemográficas e migratórias. A população de estudo incluiu 318 participantes, porém 312 responderam pelo menos 80% dos itens do WHOQOL-BREF. Entre esses 312, foram encontrados 65,7% do sexo feminino, idade média de 37,1 anos, 38,1% com autorização de residência por prazo determinado, 37,5% e 27,2% moravam, respectivamente, nas regiões Norte e Sudeste. O item da qualidade de vida geral apresentou uma pontuação média de 44,7 (DP=21,8). O domínio físico teve a melhor avaliação média, com 66,2 pontos (DP=17,8); já o meio ambiente a pior média, com 51,1 pontos (DP=14,6). A menor qualidade de vida geral foi associada a não ter apresentado renda ou ter recebido menos de R$1.501 (β=-17,3), morar sozinho (β=-13,3), viver há menos de um mês no estado de residência (β=-13,2) e ter vivenciado algum episódio de discriminação (β=-6,8). A menor percepção dos domínios pelos venezuelanos esteve associada a ser do sexo feminino, ter sofrido discriminação, viver há menos de um mês no estado de residência e não morar em estados da região Sul e Sudeste do país. A autopercepção da qualidade de vida no Brasil não foi boa, o que permite supor que a integração social e a garantia dos direitos humanos dos migrantes e refugiados venezuelanos não estejam sendo satisfatórias.