Atraídos pela profundidade: a série The leftovers e o impacto da intermídia na relação entre crítica e leitor

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Silva, Carlos Henrique da
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro de Educação e Humanidades::Faculdade de Formação de Professores
Brasil
UERJ
Programa de Pós-Graduação em Letras e Linguística
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/23336
Resumo: No trabalho como crítico acredita-se que a relação com os leitores se baseia apenas em contestação ou afirmação de valores. O interesse em compreender e problematizar essa dinâmica surgiu durante a cobertura episódica da série de TV The Leftovers, quando a análise das críticas apontou uma possibilidade: a de que a crítica também pode conduzir o leitor a um processo de compreensão e compartilhamento de significados; e não somente avaliar as regulações da estrutura narrativa. Essa possibilidade encontrou nos estudos de intermídia de Maria Cristina Ribas (2018), o escopo para essa reflexão; uma vez que parte dessa “nova maneira de trabalhar com a crítica”, surgiu da reverberação de interpretações resultantes dos processos intermidiáticos. Questões foram suscitadas no percurso como crítico em sites de alta circulação; e a pesquisa recorreu a Foucault (1980), na obra “Theatrum Philosoficum”, em que se discute a interpretação de símbolos através de Nietzsche e seu método de mergulho vertical, que reformula o processo de significação. O espaço entre obra e crítica – como interessa a esse trabalho – é o terreno por onde o filósofo e crítico situa-se em torno do que Nietzche chama de “o bom escavador dos baixos fundos” (FOUCAULT, 1980, p.12). Dois exemplos – um ensaio e um conto literário, com temas similares, mas de modos e contextos distintos – juntaram-se à experiência dos efeitos da crítica sobre o público, propiciando o nascimento dessa dissertação. Em 1917, Monteiro Lobato publicou uma crítica sobre o trabalho da artista plástica Anita Malfatti, no jornal O Estado de São Paulo, intitulada “Paranóia ou Mistificação”, que, alegando a imitação do modelo europeu dente outros estigmas, afetou profundamente o trabalho da artista. O imbróglio foi um revés concreto, enfatizado pelo segundo exemplo: o conto “Atração Pela Profundidade”, de Patrick Suskind (1976), que foi correlacionado com a crítica de Lobato à Malfatti. O conto fala de uma pintora que ouve de um crítico famoso que sua obra não tem “profundidade”; colocação que a faz mergulhar num processo autodestrutivo. Uma vez estabelecida essa ótica de ajuizamento, a proposta foi entender, para a mídia televisiva, o que seria “profundidade”. Recorreu-se à reflexão do pesquisador Brett Martin (2014) sobre os bastidores do processo criativo de séries televisivas. Processo esse que inclui um mergulho nos estudos de intermídia como caracterizadores dessa nova televisão. O trabalho pretende discutir como parte dos procedimentos críticos em circulação atravessam a produção tanto no momento da criação quanto no da recepção, incluindo artista, crítico e espectador/leitor.